ATA DA SEGUNDA SESSÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 22.02.1999.

 


Aos vinte e dois dias do mês de fevereiro do ano de mil novecentos e noventa e nove reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas foi efetuada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Carlos Alberto Garcia, Cyro Martini, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Hélio Corbellini, João Bosco, João Carlos Nedel, João Dib, João Motta, João Verle, Juarez Pinheiro, Maristela Maffei, Nereu D'Ávila, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Renato Guimarães, Sônia Santos e Tereza Franco. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Antonio Hohlfeldt, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Décio Schauren, José Valdir, Isaac Ainhorn, Lauro Hagemann, Luiz Braz e Reginaldo Pujol. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Adeli Sell, o Projeto de Lei do Legislativo nº 06/99 (Processo nº 554/99); pelo Vereador Cláudio Sebenelo, 03 Pedidos de Providências; pelo Vereador Fernando Záchia, o Pedido de Informações nº 06/99 (Processo nº 559/99); pelo Vereador João Carlos Nedel, 04 Pedidos de Providências; pelo Vereador João Dib, o Pedido de Informações nº 05/99 (Processo nº 546/99). Ainda, foram apregoados os seguintes Requerimentos, deferidos pelo Senhor Presidente, solicitando desarquivamento de processos: de autoria do Vereador Adeli Sell, com relação ao Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 05/98 (Processo nº 1448/98); de autoria do Vereador Hélio Corbellini, com relação aos Projetos de Lei do Legislativo nºs 153 e 169/98 (Processos nºs 3038 e 3300/98, respectivamente) e ao Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 15/98 (Processo nº 2394/98); de autoria do Vereador Isaac Ainhorn, com relação aos Projetos de Lei do Legislativo nºs 01 e 100/98 (Processos nºs 256 e 2122/98, respectivamente); de autoria do Vereador João Carlos Nedel, com relação ao Projeto de Lei do Legislativo nº 30/97 (Processo nº 847/97); de autoria do Vereador Renato Guimarães, com relação aos Projetos de Lei do Legislativo nºs 107, 108, 109, 110, 111, 116 e 168/98 (Processos nºs 2298, 2299, 2300, 2302, 2305, 2403 e 3259/98, respectivamente), ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 14/98 (Processo nº 2335/98) e ao Projeto de Resolução nº 50/98 (Processo nº 3248/98). Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 60 e 61/99, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; 01/99, do Vereador José Antônio Duarte Rosa, Presidente da Câmara Municipal de Pinheiro Machado/RS; 01/99, do Vereador Paulo Jair Costa Campana, Presidente da Câmara Municipal de Chapada/RS; 01/99, do Vereador Edemar Ervino Hermann, Presidente da Câmara Municipal de Porto Mauá/RS; 01/99, da Vereadora Elaine Heylmann Capeletti, Presidenta da Câmara Municipal de Morro Reuter/RS; 02/99, do Vereador Joelson Antônio Baroni, Presidente da Câmara Municipal de Catuípe/RS; 02/99, do Vereador Carlos Alberto Hartmann, Presidente da Câmara Municipal de Paverama/RS. A seguir, foi apregoado Requerimento do Vereador Eliseu Sabino, solicitando Licença para Tratamento de Saúde nos dias vinte e dois e vinte e três de fevereiro do corrente, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o Suplente Jocelin Azambuja, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Educação, Cultura e Esportes. Também, foi apregoado Requerimento do Vereador Nereu D’Ávila, informando que o Vereador Isaac Ainhorn substituirá Sua Excelência na representação externa deste Legislativo nos dias vinte e quatro, vinte e cinco e vinte e seis de fevereiro do corrente, participando do Encontro Nacional de Câmaras. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Pedro Américo Leal teceu comentários acerca dos índices de violência observados no País, analisando suas principais conseqüências e defendendo alterações no Estatuto da Criança e do Adolescente, em especial quanto à responsabilização de menores. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram, em 1ª Sessão, o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 09/98 e o Projeto de Lei do Executivo nº 46/98. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Vereadora Tereza Franco relatou problemas enfrentados pelos usuários do Postão 3 do Serviço Único de Saúde, solicitando o apoio dos Senhores Vereadores para que sejam buscadas soluções para tais problemas, em especial no referente aos horários de distribuição e ao número de fichas de atendimento da população. O Vereador Antonio Hohlfeldt declarou ter sido informado da ocorrência de demissão de integrantes da equipe responsável pelo “Projeto Guaíba Vive”, com a alegação de que o mesmo seria transferido para o Governo Estadual, destacando o trabalho realizado pelos responsáveis pelo “Projeto Guaíba Vive” e a sua importância para a comunidade porto-alegrense. O Vereador Hélio Corbellini, contraditou posições hoje assumidas pelo Vereador Pedro Américo Leal, de alteração do Estatuto da Criança e do Adolescente, analisando causas da delinqüência juvenil na sociedade atual e o significado do Estatuto da Criança e do Adolescente para a defesa dos direitos da comunidade abrangida por essa legislação. O Vereador Renato Guimarães afirmou não estar ocorrendo um “desmonte” do “Projeto Guaíba Vive” mas, isso sim, uma reestruturação da equipe responsável por este Projeto. Falou sobre declarações da Vereadora Tereza Franco, acerca dos problemas enfrentados pelo Postão 3 do Sistema Único de Saúde. Ainda, posicionou-se favorável ao Estatuto da Criança e do Adolescente, discorrendo sobre o papel da juventude no quadro de violência apresentado pelo País. A Vereadora Clênia Maranhão reportou-se aos temas que foram discutidos hoje na Casa, relacionados ao nível de violência e à área da saúde pública em Porto Alegre, ressaltando a necessidade de que sejam buscadas soluções concretas para as questões que envolvem o bem-estar da comunidade e solicitando do Executivo Municipal uma atuação mais efetiva na solução dos problemas da Cidade. A seguir, constatada a existência de “quorum”, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Após, o Senhor Presidente convidou a integrarem a Mesa dos trabalhos os Senhores Raul Costa Júnior e Norton Marco, respectivamente, Diretor de Telejornalismo e Gerente-Técnico da Rede Brasil Sul de Comunicações, RBS TV, presentes para assinatura de convênio que entre si fazem a Câmara Municipal de Porto Alegre e a Televisão Gaúcha S/A, para divulgação dos trabalhos legislativos. Em continuidade, procedeu-se à assinatura do convênio referido. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Norton Marcon e ao Vereador Antonio Hohlfeldt, que, respectivamente em nome da Televisão Gaúcha S/A e da Câmara Municipal de Porto Alegre, discorreram sobre a importância do convênio hoje assinado, destacando o significado, para a comunidade porto-alegrense, da divulgação dos trabalhos realizados pela Casa. Às quinze horas e vinte e dois minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo reabertos às quinze horas e vinte e cinco minutos, constatada a existência de “quorum”. Foi rejeitado Requerimento do Vereador Antonio Hohlfeldt, solicitando o adiamento, por uma Sessão, da votação do Projeto de Lei do Legislativo nº 86/98, por cinco votos SIM, dezenove votos NÃO e uma ABSTENÇÃO, em votação nominal solicitada pelo Vereador João Dib, tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell, Antonio Hohlfeldt, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão e Guilherme Barbosa, Não os Vereadores Antônio Losada, Cyro Martini, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Helena Bonumá, Isaac Ainhorn, João Bosco, João Carlos Nedel, João Dib, João Motta, João Verle, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães e Jocelin Azambuja e tendo optado pela Abstenção o Vereador Carlos Alberto Garcia. Em Renovação de Votação, foi rejeitado o Projeto de Lei do Legislativo nº 86/98, por sete votos SIM, dezenove votos NÃO e duas ABSTENÇÕES, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Antonio Hohlfeldt, Elói Guimarães, Jocelin Azambuja, Guilherme Barbosa e Fernando Záchia, em votação nominal solicitada pelo Vereador Nereu D’Ávila, tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell, Antonio Hohlfeldt, Cláudio Sebenelo, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Juarez Pinheiro e Maristela Maffei, Não os Vereadores Antônio Losada, Carlos Alberto Garcia, Cyro Martini, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Isaac Ainhorn, João Bosco, João Carlos Nedel, João Dib, João Motta, João Verle, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Paulo Brum, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães, Sônia Santos, Tereza Franco e Jocelin Azambuja e tendo optado pela Abstenção os Vereadores Décio Schauren e Pedro Américo Leal. Na oportunidade, o Senhor Presidente respondeu Questão de Ordem do Vereador Isaac Ainhorn, acerca da coleta de votos referente a este Projeto. Em Discussão Geral e Votação, esteve o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 02/98, que teve adiada sua discussão por duas Sessões a Requerimento, aprovado, do Vereador Guilherme Barbosa. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença do Jornalista Armando Burd. Foi aprovado o Requerimento nº 25/99 (Processo nº 582/99 – Moção de Protesto por não ter o Governo Federal iniciado o cumprimento da Convenção nº 168 da Organização Internacional do Trabalho – OIT), de autoria do Vereador Cyro Martini, por dezenove votos SIM e cinco votos NÃO, em verificação de votação solicitada pelo Vereador Reginaldo Pujol, após ter sido aprovado em sua votação simbólica, sendo encaminhado à votação pelos Vereadores Cyro Martini, Carlos Alberto Garcia, Cláudio Sebenelo, Pedro Américo Leal, Adeli Sell, Luiz Braz, Reginaldo Pujol e Elói Guimarães, tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Carlos Alberto Garcia, Cyro Martini, Décio Schauren, Elói Guimarães, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, João Bosco, João Motta, José Valdir, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Maristela Maffei, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Renato Guimarães, Tereza Franco e Jocelin Azambuja, e Não os Vereadores Cláudio Sebenelo, Fernando Záchia, João Carlos Nedel, João Dib e Reginaldo Pujol. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Cyro Martini discorreu a respeito do processo de desestatização dos serviços de controle e fiscalização do trânsito no País, analisando motivos que levam os motoristas a praticarem atos de imprudência e negligência no trânsito e salientando a importância do trabalho dos psicólogos na avaliação do perfil emocional dos condutores de veículos. O Vereador Jocelin Azambuja manifestou-se sobre o crescimento dos índices de violência praticados por jovens, mencionando dispositivos legais quanto à punibilidade dos proprietários de estabelecimentos comerciais que vendem bebidas alcoólicas para menores de idade, solicitando providências da Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio – SMIC para garantir um maior cumprimento desta legislação. O Vereador Elói Guimarães teceu considerações acerca da conjuntura estrutural observada no Partido Democrático Trabalhista, afirmando ser o momento oportuno para que as agremiações políticas realizem a discussão de estratégias de ação, visando propiciar o fortalecimento da identidade partidária. Ainda, defendeu o lançamento, pelo PDT, de candidatura própria às próximas eleições para a Prefeitura Municipal. O Vereador Fernando Záchia defendeu a implantação, em Porto Alegre, da 3ª Perimetral, historiando fatos relativos à discussão desta matéria pelo Programa de Orçamento Participativo e à destinação de recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento para a obra. Também, registrou ter enviado Pedido de Informações ao Senhor Prefeito Municipal, acerca das projeções de custos e do cronograma da construção da 3ª Perimetral. O Vereador Guilherme Barbosa, reportando-se ao pronunciamento do Vereador Fernando Záchia, discorreu sobre a destinação dos recursos para a construção da 3ª Perimetral. Ainda, teceu criticas à qualidade do serviço prestado pela empresa Telefônica Celular, exibindo demonstrativo de despesas desse serviço e apontando irregularidades quanto às alíquotas de impostos cobradas pela empresa. A Vereadora Helena Bonumá, ao referir-se à aprovação, hoje, do Requerimento nº 25/99, analisou o crescimento dos índices de violência nos centros urbanos brasileiros, em especial no que se refere à baixa idade observada entre os infratores e aos elementos de ordem econômica e social que contribuem para essa situação. Também, criticou o processo de desestruturação das políticas de segurança pública do País. O Vereador Carlos Alberto Garcia manifestou-se sobre a situação econômica brasileira, procedendo à leitura de carta aberta firmada por Sua Excelência e distribuída à população de Porto Alegre, concitando a todos os cidadãos a fiscalizarem os preços dos produtos e a absterem-se de adquiri-los, quando os valores estiverem muito acima dos anteriormente praticados. Às dezoito horas e quatro minutos, esgotado o prazo regimental da presente Sessão, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Nereu D’Ávila, Juarez Pinheiro e Adeli Sell e secretariados pelo Vereador Adeli Sell. Do que eu, Adeli Sell, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Nereu D’Ávila): Informamos que haverá um recadastramento de senhas. Aqueles Srs. Vereadores que desejarem mudar a sua senha, neste momento, ou conferir se a senha anterior está correta, por favor, este é o momento, porque nesse recadastramento poderão ser feitas as modificações, senão, a cada alteração será apagado o painel eletrônico e haverá prejuízo.

O Ver. Eliseu Sabino solicita licença para tratamento de saúde no período de 22 a 23.02.99.

 

(Obs.: Foi aprovado Requerimento de licença do Ver. Eliseu Sabino, e dada posse ao Suplente, conforme consta da Ata.)

 

O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, tenho sido procurado pelo público, nessas últimas semanas, insistentemente, a respeito da violência. Eu não desejava abordar no dia de hoje o problema da violência; preferia pautar-me sobre o problema econômico do País, todavia fui sensível a essa solicitação popular, como não poderia deixar de ser.

Qual é o motivo da violência? Os Vereadores Carlos Alberto Garcia, Adeli Sell e outros vieram atarantados a este Salão, logo depois do período de recesso, perguntando a todos o porquê da violência. A criminalidade foi aumentada em 40% em relação ao último veraneio. Drogas, TV, desestruturação familiar, desemprego, discriminação social são fatores constantes da violência; não me venham a dar esses motivos, pois esses são conhecidos.

Mil homens da Brigada Militar, comandados pelo Coronel Lauri Schroeder, o antigo Comandante do 9º BPM; seiscentos policiais civis reforçaram os cento e setenta policiais civis ao comando do Delegado Regional Ari Raupp, também de Torres, um homem da área. Então, por que a onda da violência no Litoral? A violência no Litoral não é verdadeira, a violência do Estado do Rio Grande do Sul, esta sim. A Legislação Penal é insuficiente, é balofa, é protetora do crime. O Judiciário é moroso diante dessa criminalidade. Tudo isso nós sabemos! Estamos atarantados há muito tempo com essas verdades.

Como sair dessa realidade? É isso que tem me afastado de abordar o problema da violência, porque eu não vejo possibilidade de solução com essa Legislação Penal. Pergunta-se: são os desempregados, os chefes de famílias que estão atacando e optaram pelo crime? Respondam-me! São os chefes de famílias? Temos a maior taxa de desemprego no País, e são os chefes de famílias que estão atacando? Não! Quem ataca, quem rouba ônibus, quem assalta, matando por vinte reais e dez passagens de coletivos é o jovem, bandido, jovem bandido! É o menor bandido, o infrator, agora criminoso, um contingente deslocado, sem caráter, impulsionado pelo facilitário da impunidade oferecida pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.

Senhores do PT, Vossas Excelências estão iludidos, o Estatuto da Criança e do Adolescente deve ser modificado na parte infracional. É ele que está impulsionando, está levando o jovem ao crime e às drogas. É evidente que as drogas estão no meio. Abram os olhos! Despertem! Os criminosos têm 18, 19 anos e acabaram de deixar a proteção do Estatuto, que foi feito em gabinete por teóricos e poéticos indivíduos que não sabem o que fazem. São teóricos!

Hoje ou amanhã está prevista uma audiência dos prefeitos do Litoral com o Secretário de Segurança. As drogas estão presentes no patético assassinato da jovem Carolina, em Capão da Canoa. Estudem quem são os responsáveis? Que idade têm?

Terça-feira, dia 16, às 15 horas, trinta bandidos jovens fizeram um arrastão em Imbé. Havia até gurias no meio da turma; às 20h30min, o Silveira, de 20 anos, assaltava a família Ribeiro, em Capão da Canoa. Em Capão da Canoa, Cristian e mais três jovens matavam Carolina, jovens de 17,18 e 20 anos. Em Cidreira, três bandidos jovens confessaram o roubo de 30 carros e não foram presos em flagrante, porque a nossa Legislação permite isso. O Policial Militar Fraga foi assassinado por jovens de 15, 18 e 20 anos, sendo que o jovem de 15 anos atirou no PM Fraga, quando este perguntou o que o jovem estava fazendo naquele local, o jovem matou-o com quatro tiros.

Jovens com menos de 17 anos, em bando, atacaram e roubaram em Cachoeirinha. Em Caxias, bando de rapazes e moças de 16 e 20 anos assaltam durante o dia. Em Cruz Alta, observamos o macabro crime da professora Dorothea, assassinada em sua casa. Quem são os autores? Jovens de 17 e 19 anos.

Quem são os assaltantes do BANRISUL em Torres?

Srs. Vereadores, estudem, investiguem, procurem saber quais são os motivos. Eles ainda estão empolgados com o Estatuto da Criança e do Adolescente, que dava medida preventiva, mas depois dos 18 anos eles se atiram ao crime da mesma forma, desprotegidos e desamparados. V. Exas. com o Estatuto da Criança e do Adolescente desampararam esses jovens, que se atiram ao crime, pensando que estão protegidos, e não estão.

Aqui em Porto Alegre, jovens bandidos atacaram um homem na Av. Borges de Medeiros e despiram-no. Outros bandidos despiram um homem na Rua Duque de Caxias. O crime está campeando entre os jovens. Assumam isso e, também, que o Estatuto tem que ser modificado na parte infracional, antes que seja tarde. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE: Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

1ª SESSÃO

 

PROC. 3470/98 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 9/98, que retroage os efeitos da Lei Complementar nº 425, de 13 de outubro de 1998.(Incorporação aos proventos de gratificação referente ao Hospital de Pronto-Socorro e dos Pronto Atendimentos)

 

PROC. 3473/98 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 46/98, que altera a Ementa e o art. 1º da Lei nº 8177, de 24 de junho de 1998, e dá outras providências.(Fundação de Radioterapia do RS – correção do nome da entidade)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para discutir a Pauta. Desiste. O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra. Desiste.

A Vera. Tereza Franco está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

A SRA. TEREZA FRANCO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ocupo esta tribuna para pedir, mais uma vez, a todos os Srs. Vereadores, para falar a respeito do Postão 3.

A situação está horrível, porque as pessoas vão na emergência, tiram fichas e ficam esperando por três, quatro, cinco horas, sentadas nos bancos, cheias de dor, porque o atendimento é por ficha.

Gostaria de pedir a todos os Vereadores para que me ajudassem, para que nós possamos fazer algumas coisa.

As pessoas ficam sofrendo em cima daquelas macas, daquelas cadeiras de roda, esperando o horário de fichas. Eu acho que, ficha, no caso, tem que ser tirada em locais para consultas. Se uma pessoa vai para uma emergência é porque ela precisa ser atendida logo que chega.

Eu estou aqui pedindo a todos os Vereadores uma força, para que me ajudem, para que possamos solucionar este problema.

O Postão 3, neste caso, está terrível. Convidaria os Srs. Vereadores para irem lá, amanhã, como se fosse por acaso, para verem como é, porque as pessoas ficam sentadas, gemendo, chorando de dor, esperando um horário que é difícil.

Era isso o que eu precisava dizer, porque estava engasgada desde sexta-feira. Muito obrigada.

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra, em Comunicação de Líder, pelo PSDB.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, vou insistir numa questão que, desde o início deste novo ano legislativo, tem sido a tônica dos meus discursos, em diferentes momentos nesta Casa, que é a contradição da Administração Popular entre discurso e prática.

Neste final de semana recebi uma informação que não quero catalogar como denúncia, porque eu ainda não a tenho confirmada, mas se assim o for, não é apenas uma questão de denúncia, mas é uma questão extremamente grave. Segundo me foi informado, a Administração Popular de Porto Alegre simplesmente desmontou toda a equipe que trabalha com o Projeto Guaíba Vive. Foi demitido um CC, tradicionalmente ligado ao PT, o companheiro Renato; foi demitida a técnica que trabalha no Setor, a Dra. Isabel, que deixou de fazer um mestrado na Universidade para continuar trabalhando com o Projeto Guaíba Vive e a quem, simplesmente, foi comunicado que o Projeto está suspenso, encerrado.

Aparentemente, talvez numa tentativa de racionalização, estaria sendo passado para a estrutura do Estado. Como o Estado ainda não recebeu o restante das verbas internacionais para o Projeto, fica a preocupação de que, se for confirmada essa colocação, nós podemos estar correndo o risco de não apenas interromper um projeto, o que é sempre lamentável, como de retroagir de uma maneira que pode, inclusive, não ter mais recuperação.

Essa situação é tanto mais irônica quanto ao longo de todo o período de carnaval, e ainda nesse final de semana, o Programa Cidade Viva trabalhou e enfatizou o tempo todo o papel da Praia do Lami, a ida de quarenta mil porto-alegrenses para o Lami, inclusive pessoas oriundas da Grande Porto Alegre. Segundo a propaganda oficial, a possibilidade também de pescar no Rio Guaíba - e o “Correio do Povo” de hoje traz uma foto nesse sentido, ampliando a propaganda -, e no entanto, se de fato o projeto estiver sendo suspenso tivemos, mais uma vez, propaganda enganosa. Surrupia-se da opinião pública a informação devida.

Trago essa questão aqui porque ao longo dos anos temos visto que o “Guaíba Vive” foi uma espécie de menina dos olhos da Prefeitura Municipal. Num primeiro momento ele resistiu à má vontade de alguns segmentos da Administração, e quero aqui fazer justiça ao companheiro Renato que, ao longo dos anos, brigou para coordenar o projeto, que foi chutado de um lado para o outro e acabou tendo sede na usina do Gasômetro, depois ficou meio periclitante por aí, mas gradualmente foi-se firmando na Administração Pública. Quando veio o dinheiro e se concretizou o processo através do Governo do Estado, com o dinheiro internacional, a Prefeitura realmente saiu na frente, passou a trabalhar e conseguiu, e nisso tem que se fazer justiça ao Poder Público Municipal, conseguiu a balneabilidade do Lami, e segundo se anuncia, teria até mesmo ampliado a balneabilidade para outras áreas; talvez até mesmo, em alguns momentos, para Ipanema - segundo um dos programas “Cidade Viva” que um dia desses ouvi numa das emissoras de rádio.

Quero deixar registrada aqui a minha preocupação com relação a esse fato. Eu estive fora de Porto Alegre e casualmente encontrei com pessoas ligadas à Administração e que, embora vinculadas ao Partido dos Trabalhadores, se mostravam indignadas com a informação que haviam recebido, por parte de técnicos, por parte de integrantes da Secretaria do Meio Ambiente, essa informação: suspenso o Projeto Rio Guaíba. Eu, na medida em que quero respeitar a iniciativa do Ver. Guilherme Barbosa, que antecipou aqui que buscaria trazer as informações para nós, na medida em que levantem questões pertinentes à Administração Popular, quero, portanto, não fazer um juízo preconceituoso, antecipado, mas deixar registrado não em nível de denúncia, mas em nível de preocupação essa situação.

Por outro lado, Sr. Presidente, dizer que realmente gostaria de ter efetivamente, uma explicação por parte do PT e da Prefeitura que a mim, particularmente, me preocupa muito, porque parar um projeto não é só suspender, neste caso, um projeto, mas é, na verdade, dar volta atrás e talvez de uma maneira irrecuperável, a uma idéia que, independente de partido, todos nós somos favoráveis. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Hélio Corbellini está com a palavra, para uma Comunicação de Líder, pelo Partido PSB.

 

O SR. HÉLIO CORBELLINI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é uma pena que o Ver. Pedro Américo Leal não esteja presente, porque quero fazer a minha intervenção em cima do seu discurso.

Por várias vezes eu ouvi o Ver. Pedro Américo Leal eleger o ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente - como a fonte dos grandes males.

Caro amigo Coronel Ver. Pedro Américo Leal, tenho absoluta certeza de que se pinçarmos só este aspecto, o ECA retrata uma visão de que nós iremos resolver o problema da delinqüência, da violência e do crime através da coerção e da repressão. Caro Coronel, é uma visão demasiadamente autoritária essa. É um rotundo engano. O ECA é muito mais do que isso. Eu concordo, sim, que o ECA é uma legislação extremamente avançada para o nível de organização de nossa sociedade. O ECA traz à discussão qual o limite de responsabilidade de nossos adolescentes. Eu acho que devemos fazer um debate profundo em relação a isso, mas o ECA é muito mais do que isso.

Pela primeira vez, em nosso País, nós temos regras e leis que definem, garantem e estabelecem direitos a esse cidadão-criança e a esse cidadão-adolescente. Antes de nós condenarmos o sistema porque os jovens estão assaltando, nós temos que olhar a origem de cada jovem e os dramas pessoais em que esses jovens estão envolvidos. O ECA diz que cabe ao Poder Público, por ser de direito da criança e do adolescente, proporcionar ensinamento, patrocinando escola e preparando tecnicamente. Diz, também, a que o adolescente tem direito e estabelece as regras para que ele tenha o seu primeiro emprego. Se esses jovens estivessem nas escolas, e se nós tivéssemos escolas adequadas, se esses jovens estivessem envolvidos com sua sobrevivência, de forma digna, certamente eles não estariam nas ruas, certamente eles não iriam buscar sua sobrevivência no tráfico de drogas, no roubo, no assalto, que redunda em assassinato. Isto é o ECA! Nós não podemos só ficar em cima da concepção de que o que falta é baixarmos a idade da responsabilidade de cada jovem e colocá-lo na cadeia. Esta é uma visão extrema, demasiadamente maniqueísta, meu amigo Coronel. Temos que fazer uma reflexão muito profunda na nossa sociedade, pois o aumento da violência é geometricamente proporcional ao aumento do desemprego, ao aumento da explosão social, ao aumento da evasão escolar, ao aumento da repetência. Tudo isso aumenta a desagregação familiar a falta de equilíbrio. É lógico que não são os pais de família, como V. Exa. mesmo verifica, que vão assaltar, matar, mas é um membro da sua família, que vive de forma angustiada e sem saber para que lado se dirigir, sem saber qual é a solução para buscar alguma forma de sobrevivência, porque a família está absolutamente desagregada.

Então, Coronel, concluindo, mais do que exigir um reestudo da idade em que esses jovens devem ser punidos ou não, nós temos que fazer esta reflexão: como fazer com que os jovens tenham uma vida digna, com escola, emprego e paz na sua família. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Renato Guimarães está com a palavra, para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Em primeiro lugar, a nossa Bancada sugere ao Ver. Antonio Hohlfeldt que investigue melhor as suas fontes, em relação ao conjunto das denúncias que está trazendo ao Plenário. O companheiro Renato Ferreira não foi demitido de lugar nenhum, ele foi convidado pelo Governo do Estado, pelo companheiro Olívio Dutra, a assumir a coordenação do Projeto Pró-Guaíba, que é o Projeto responsável pelo sistema hidroviário de toda a Região Metropolitana de Porto Alegre.

Em segundo lugar, não se está desmontando o “Guaíba Vive”, está-se fazendo uma reestruturação da equipe, porque algumas pessoas saíram, foram assumir outros cargos. As obras propostas dentro do Projeto continuam com os seus calendários, continua tudo em funcionamento. Sugerimos ao colega que, antes de ele transformar esses fatos em pronunciamento, procurasse a nossa Bancada e tentasse conferir a fonte.

É uma satisfação para nós ouvir da Vera. Tereza Franco que o Sistema de Saúde em Porto Alegre é diferente do Sistema do Estado e da União. Nós passamos dois anos denunciando que o Governo do Estado sucatou a saúde neste Estado. Fechou hospital, fechou posto de saúde. Nos quatro anos não excedeu em 2% o orçamento anual da saúde, está aí a crise. Os jornais de final de semana anunciaram que a crise não era em Porto Alegre, que a crise é na Região Metropolitana, a crise é no Estado. Faltam 19 mil leitos na Região Metropolitana, e a cidade que tem mais leito é Porto Alegre. É interessante que o jornal Zero Hora venha dizer isso hoje. Por que não disse nos quatro anos passados? É um debate importante que esta Casa tem que fazer.

Para fazer o debate sobre a questão da violência., sobre a questão do Código Penal, sobre a questão do Estatuto da Criança e do Adolescente, é interessante que se faça uma abordagem que não pegue somente a história do adolescente infrator, porque pegar toda essa crise social, pegar todo esse desemprego que temos aí - e que está sendo apontado por todas as organizações internacionais, o Brasil, hoje, é o País que está enfrentando a maior crise social -, pegar tudo isso e dizer que o problema é o adolescente infrator, que o problema é o ECA? Por favor, vamos fazer um debate que encare a realidade que estamos vivendo. E a realidade que estamos vivendo é de um país que está atirado na violência, porque está mergulhado na maior crise social. Os índices de desemprego são os maiores dos últimos 20 anos.

Precisamos, primeiro, fazer essa abordagem para, depois, entrarmos no debate, Ver. Pedro Américo Leal, sobre o ECA; precisamos, primeiro, conhecer o Estatuto da Criança para, depois, fazermos o debate. Eu acho que a grande maioria aqui não conhece o Estatuto da Criança! O Estatuto da Criança é mais rígido com adolescente infrator do que o Código Penal o é com um adulto. Vemos adultos fazendo um monte de bobagens e não acontece nada. Eu desafio qualquer um a fazer esse debate aqui! Existe outra questão: o Estatuto da Criança não está só ligado a pensar a questão do ato infracional, ele é uma ferramenta, Vereador, muito moderna para pensar o conjunto da família brasileira, para pensar o adolescente, a criança, a família. O Estatuto da Criança e do Adolescente tem 10 anos. E foi dada oportunidade a essa ferramenta. O órgão nacional que era responsável por estruturar, criar condições de implantar conselhos tutelares na Cidade, foi extinto há dois anos atrás: a Fundação da Criança Brasileira. Esse Órgão tinha a responsabilidade de fazer essa ferramenta tornar-se conhecida e aplicada.

Outra importante medida: a reestruturação das FEBEMs para atender o adolescente infrator. No entanto, elas não foram reestruturadas e continuam sendo grandes depósitos de crianças e adolescentes. Vamos, primeiro, fazer uma abordagem de tudo isso para, depois, pegar o Estatuto da Criança e do Adolescente ler e entender e só então enfrentar o debate. Pois a violência urbana não está ligada à faixa etária; está ligada à maior crise social que este País está vivendo. Vamos ter que abrir os nossos olhos, porque, daqui a pouco, pessoas das nossas famílias poderão estar envolvidas.

Precisamos fazer este País voltar ao crescimento; fazer este País começar a dar destino ao trabalhador, dar emprego para o trabalhador, evitando que ele veja a sua família no desespero, cometendo atos que não deveria cometer. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Vera. Clênia Maranhão está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores, os Vereadores que me antecederam trouxeram a esta tribuna três temas da maior relevância para a nossa sociedade: a questão da violência, a questão da saúde e a questão da assistência social.

O tema da violência não poderia ficar ausente do debate desta Casa tendo em vista os trágicos fatos que ocorreram na nossa Cidade, na Grande Porto Alegre e no Litoral, envolvendo adultos e vitimando adolescentes. Acredito que essa questão tenha sensibilizado a nossa sociedade e trazido à tona uma série de dificuldades que estão sendo enfrentadas nesta área, e que esta Câmara tem que debater.

A Vera. Tereza Franco, já em outras oportunidades, trouxe a esta tribuna a questão do posto de saúde da Vila Cruzeiro, que atende à grande população daquela região. Eu, quando presidia a Comissão de Saúde, juntamente com os outros Vereadores que faziam parte da Comissão, tivemos a oportunidade de visitar o Posto da Vila Cruzeiro - isso há mais de dois anos -, e verificamos enormes dificuldades no atendimento àquela população por aquele posto: dificuldades em relação ao prédio., demora nas consultas e, depois - toda a Cidade tomou conhecimento -, as denúncias de venda de vagas para o atendimento.

Não adianta, Ver. Renato Guimarães, não enfrentar essa questão dizendo que tudo é conseqüência de uma crise nacional. Existe uma crise nacional, sim, e ela é real, é grave, tem que ser debatida, tem que ser discutida, tem que ser denunciada, e nós temos que procurar caminhos para enfrentá-la. Nós não podemos fugir à responsabilidade de Vereadores do Município que é a Capital do Estado do Rio Grande do Sul, e nos furtar a cobrar do Poder Público Municipal, da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, atitudes imediatas para resolver o problema da falta de atendimento, da demora das consultas, da pouca aplicação de recursos para a população da Vila Cruzeiro. Se cada vez que nós tivermos um problema real da nossa Cidade, se cada vez que nós tivermos um problema efetivo de um posto de saúde - nós sabemos que a nossa comissão, por sua presidente, Vera. Sônia Santos, tem procurado acompanhar muito de perto -, nós acharmos que ele não deve ser discutido, porque o Brasil vive uma crise econômica, eu não sei qual seria o nosso papel de Vereadores. Nós somos Vereadores desta Cidade, fomos eleitos pelo povo de Porto Alegre, pelas mulheres e homens de Porto Alegre para fiscalizarmos as ações do Executivo, para exigirmos prioridades para as ações que achamos serem prioritárias. No caso da saúde, que é municipalizada, nós temos que cobrar efetivamente, em primeiro plano, do Poder Municipal.

Evidentemente nós sabemos que há dificuldades no sistema nacional de saúde, mas há, efetivamente, uma dificuldade muito grande em dar prioridade ao atendimento à saúde no Município de Porto Alegre.

Sobre a última questão - da política de assistência -, eu sigo pelo mesmo raciocínio: Porto Alegre tem uma política municipalizada, uma política com a qual eu não concordo, porque penso que, em uma sociedade em que grande parcela das crianças e dos adolescentes está em situação de risco ou de abandono, ou em situação vulnerável, nós temos que procurar fazer uma política de assistência mais abrangente, que inclua, nas preocupações, um maior número de crianças. Porto Alegre tem que ter maior número de creches, tem que ter um maior número de atendimentos.

Porto Alegre não pode ter apenas atendimentos pontuais e específicos, que servem para divulgar, mas não servem para resolver os problemas da maioria das crianças e dos adolescentes, das crianças que não têm creche e que, como os adolescentes, não têm uma política de assistência real para garantir os seus direitos. Muito obrigada.

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

Eu peço ao Plenário para interromper, por alguns momentos, a Ordem do Dia, baseado no artigo 163, inciso 4º, dado que estão presentes os Srs. Raul Costa Júnior, Diretor de Telejornalismo da RBS TV, e Norton Marcon, Gerente-Técnico da RBS TV, para assinarem, com a Câmara Municipal, conforme combinado em janeiro, convênio para a divulgação dos trabalhos legislativos desta Casa. Eu pediria que os Srs. Raul Costa Júnior e Norton Marcon passassem à Mesa.

Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, para aqueles que porventura ainda não tenham conhecimento de que esta Casa foi convidada oficialmente, para comparecer na RBS TV, e que, entre o mais alto corpo técnico da RBS TV, a Mesa e Lideranças desta Casa foram discutidos amplos assuntos, referentes, principalmente, aos organismos que compõem a RBS TV e a Câmara Municipal.

Foi dada a oportunidade inusitada a esta Casa - às suas Lideranças e à Mesa - de poder fazer, a pedido da RBS TV e com corpo presente de suas Lideranças maiores, possíveis críticas dos Srs. Vereadores com relação aos organismos da RBS TV.

Foram feitas diversas considerações e até algumas críticas, debatidas e discutidas, muitas delas explicadas e outras absorvidas. A partir dali surgiu a idéia de oficializar um convênio em que a RBS TV pudesse ter acesso à Diretoria Legislativa e a todos os projetos apresentados pelos Srs. Vereadores para poder saber o que está acontecendo na Câmara e, a seu critério, usar esses projetos para discussão com a sociedade.

Consideramos esse um passo importantíssimo para a divulgação desta Casa, porque por meio do conjunto da Casa, dos projetos e das idéias aqui surgidas é que a opinião pública tomará conhecimento daquilo que fazem, como agem e procedem os Srs. Vereadores. Muitas vezes, um projeto de alcance muito forte não tinha a divulgação necessária.

Por isso, nós formalizamos, hoje, o convênio e saudamos a presença, nesta Casa, do Diretor de Telejornalismo da RBS TV, Sr. Raul Costa Júnior, e do Gerente- Técnico, Sr. Norton Marcon.

Pediria ao 1º Secretário, Ver. Adeli Sell, que lesse os termos do convênio, para que os Srs. Vereadores possam aquilatar a densidade dos termos reais desse convênio.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: (Lê o convênio que entre si fazem a Câmara Municipal de Porto Alegre e a RBS TV, para divulgação dos trabalhos legislativos, firmado em 22 de fevereiro de 1999 e apregoado pela Mesa nessa mesma data.)  

 

(É assinado o convênio entre a Câmara Municipal de Porto Alegre e a RBS TV.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Sr. Norton Marco, Gerente-Técnico da RBS TV, está com a palavra.

 

O SR. NORTON MARCO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu aproveito para agradecer à Câmara de Vereadores pela assinatura do convênio e dizer que a RBS TV, mais uma vez, se posiciona por estar atendendo aos anseios da Cidade de Porto Alegre.

Nós percebemos, cada vez mais, a necessidade da comunidade de ser informada do que acontece no seu ambiente de moradia, no local onde todos nós moramos. Porto Alegre precisa saber cada vez mais o que acontece dentro desta Câmara de Vereadores. A nossa idéia é tornar isso mais constante, que haja sempre uma participação mais efetiva dos Vereadores na RBS TV.

Nós, como uma emissora de televisão que tem consciência de ser uma rede nacional, temos uma preocupação muito grande em estar podendo atender adequadamente a nossa comunidade.

Esse é mais um passo no sentido de tornar mais ágil, perene e muito mais eficiente o nosso atendimento às demandas da comunidade de Porto Alegre.

Agradeço à Câmara e espero que este convênio seja apenas o primeiro passo de uma relação muito mais forte durante os próximos anos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores, Senhores presentes, agradecemos aos representantes da RBS TV pela presença. Para ressaltar a importância desse acontecimento, gostaria que o Ver. Antonio Hohlfeldt, que é jornalista, professor da Faculdade de Jornalismo da PUC, ex-Presidente desta Casa e atual Líder da Bancada do PSDB da Casa, ressaltasse, em nosso nome, a importância desse ato para a Câmara Municipal, com a divulgação dos seus projetos, das suas idéias, dos seus componentes, por um órgão do porte da RBS TV, que leva a todos os recantos do Rio Grande e até Santa Catarina a projeção de suas imagens.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente; Srs. Vereadores; prezados companheiros da RBS. Eu acho que este momento é extremamente importante para esta Casa. Todos temos comentado, em diferentes instantes, ao longo dos anos, os Vereadores que chegam aqui em um primeiro mandato, os que estão há mais tempo, que esta Casa tem um trabalho efetivamente diuturno.

Vamos tomar como exemplo este período chamado recesso, em que temos apenas a Comissão Representativa e, de um modo geral, boa parte dos Vereadores aqui comparece fazendo acompanhamento das várias atividades que acontecem na Cidade de Porto Alegre. A Câmara, através dos seus trinta e três Vereadores, pela proximidade com a comunidade, tem uma tarefa constante, que não é interrompida por férias, ainda que não se tenha Sessões de votações, porque, na verdade, é essa a diferença da Comissão Representativa: ainda que se suspendam as Comissões Permanentes, a Casa continua sempre ligada à comunidade. Então, temos o reconhecimento de um meio de comunicação, temos a possibilidade de não apenas fazermos aquilo que é o nosso trabalho, para o qual fomos eleitos, mas podermos mostrar isso através da mídia até o nosso eleitor, até aquele que paga o seu imposto e quer saber o que o Vereador está fazendo. Isso parece que é extremamente importante.

Por outro lado, acho que também é importante para o meio de comunicação mostrar que embora, no caso da RBS, exista todo um projeto de um jornal em nível nacional, de um jornal em nível regional, que cobre não apenas o Rio Grande do Sul, mas que busca o MERCOSUL, e que busca o Brasil, circulando nos grandes centros, com os demais jornais publicados, no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Brasília, assim mesmo esse jornais e essas emissoras de televisão que formam uma grande cadeia nacional, não deixam de prestar atenção e levar a informação daquilo em que a sua comunidade está inserida, no caso, a Cidade de Porto Alegre.

Parece-me, Sr. Presidente, que é realmente um momento importante para nós, da Casa, a possibilidade de prestarmos contas do que está sendo feito, para o meio de comunicação mostrar que está efetivamente vinculado à comunidade. Quem sai ganhando nisso tudo é esta comunidade, que é o motivo de nós, Vereadores, do nosso trabalho, e que é o motivo, em última análise, do meio de comunicação.

Ao agradecer ao Ver. Nereu D’Ávila essa distinção, eu quero também agradecer muito especialmente aos companheiros da RBS. A formação de um jornalista feito para informar - e daí, portanto, formar a opinião pública - depende da existência dos acontecimentos, depende das informações que são transformadas em noticiário. Para que os companheiros da RBS saibam como é importante o papel e a repercussão disso: ainda nesse final de semana eu corrigia trabalhos de meus alunos do curso de pós-graduação, da FAMECOS, do curso de Comunicação Social, e boa parte dos trabalhos está vinculada à análise de matérias ou do Jornal Zero Hora ou dos canais de televisão vinculados ao Grupo da RBS, ou seja, isso é matéria-prima da informação, isso é matéria-prima para estudo e avaliação do grau da nossa sociedade, do grau de democracia que temos.

Portanto, é um momento importante o qual quero agradecer em poder ter essa participação especial e espero, como disse o companheiro da RBS, que esse seja um primeiro momento de uma aproximação mais efetiva entre o Legislativo Municipal de Porto Alegre e a RBS. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Agradeço ao nobre Ver. Antonio Hohlfeldt, que sequer foi por mim antecipadamente avisado de que usaria a palavra, porque fomos pegos de surpresa. Mas ele saiu-se muito bem, o que já era esperado.

Senhoras e Senhores Vereadores, foi ressaltada a importância desse convênio, que é apenas a oficialização de algo que já havia sido intencionado pela RBS, tanto que nos chamaram para explicitar e, de nossa parte, é evidente o interesse, porque nós assim teremos possibilidade de que aqueles projetos que interessam à população - que somam, acrescentam, agregam - sejam notícia, sejam divulgados pela RBS.

Agradecemos mais uma vez pela a presença do Raul Costa Júnior, Diretor de Jornalismo da RBS, e do Norton Marcon, Gerente-Técnico da RBS. A Câmara Municipal de Porto Alegre fica lisonjeada com as presenças ilustres nesta tarde.

 

Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 15h22min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 15h25min): Estão reabertos os trabalhos.

 

 

RENOVAÇÃO DE VOTAÇÃO

 

PROC. 1856/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 086/98, de autoria da Verª Anamaria Gularte, que proíbe a realização de rinhas no âmbito do Município de Porto Alegre.

 

Pareceres:

- da CCJ. Relator Ver. Elói Guimarães: pela aprovação do Projeto;

- da CECE. Relatora Verª Clênia Maranhão: pela aprovação do Projeto;

- da COSMAM. Relator Ver. Pedro Américo Leal: pela aprovação do Projeto.

 

Observação:

- renovação de votação nos termos do art. 196 do regimento da CMPA.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação Requerimento, de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, solicitando adiamento por uma Sessão da votação do PLL nº 086/98 - Proc. nº 1856/98. O Ver. João Dib solicita votação nominal. (Após a chamada.) REJEITADO o Requerimento por 5 votos SIM, 19 votos NÃO e 01 ABSTENÇÃO.

Em renovação de votação o PLL nº 086/98. O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é covardia do ser humano utilizar um animal para se divertir. Esse é o motivo pelo qual defendo o Projeto da Vera. Annamaria Gularte. É ainda covarde uma tourada, onde pelo menos o touro tem um pouco mais de oportunidade de equilibrar as coisas. É covarde utilizar um bicho que não tem como se defender para satisfazer instintos, às vezes, bestiais, porque, na verdade, uma rinha chega, normalmente, até o sangue, até a morte de um dos contendores. Esse é o motivo ético e de mérito em relação à rinha.

Quanto ao problema de os companheiros Vereadores não terem aceito o pedido de transferência dessa votação, o nosso Requerimento estava vinculado apenas à impossibilidade de a Vera. Annamaria estar presente hoje neste Plenário. Tem sido tradição transferirmos votações desses projetos, quando o autor não se encontra em Plenário, portanto, não tendo a oportunidade de fazer ele próprio a defesa de seu projeto.

Enfim, as pedras estão jogadas. Nós sabemos a pressão que existe sobre este Plenário em relação à questão das rinhas. Isso é lamentável, porque ainda há poucos dias, um documentário que foi passado na televisão, mostrava a violência das rinhas em Brasília. E lá há interdição do Governo de Brasília em relação a rinhadeiros que servem, inclusive, para reunir áreas das mais marginais da sociedade de Brasília, provocando violências que vão além da rinha e acabam em violência entre as pessoas, entre os proprietários ou entre os jogadores. Muita gente, nos depoimentos do documentário da televisão, evidenciavam perda dos parcos salários na aposta, absolutamente enlouquecida, de qual o animal que viria a ganhar ou perder.

Enfim, a Câmara tem absoluta autonomia e vamos respeitar, evidentemente, a votação de cada um dos Srs. Vereadores. Mas é curioso que esta Casa - que tem defendido os direitos humanos, que tem defendido algumas questões tão de vanguarda nos debates por respeito aos valores humanos - acabe cedendo na questão da rinha e acabe não proibindo a prática da rinha de galo em Porto Alegre. São contradições de uma sociedade que ainda busca a sua própria identidade. Vamos respeitar, mas da parte pessoal deste Vereador, nós, realmente, temos uma posição de mérito, com absoluta conseqüência e coerência, contrária à prática da rinha, porque entendemos que ela é uma violência contra animais que não têm, absolutamente, a menor oportunidade de defesa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para encaminhar, pelo PDT.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, não fora a virulência terminológica da retórica afiadíssima do Ver. Antonio Hohlfeldt não viria à tribuna trazer as razões. Primeiro é preciso que se conheça o embate da rinha de galo. O galista é um preservacionista: não fora os galistas a espécie de galo de briga já teria desaparecido. O embate que se dá entre os galos é regrado, isso significa dizer que se observa um conjunto de regras de tempo, de condições de igualdade, de peso. Há uma série de proteções à ave. Então, a ave não é jogada para se embater contra outra. Agora, se a visão é da crueldade, podemos discutir, não se pode abater. Eu disse outro dia, e tenho dito que na outra encarnação quero ser galo de briga, porque é a ave que dura mais, as demais são abatidas no primeiro canto, para servir como galeto. E o Ver. Antonio Hohlfeldt é um apreciador de galeto. Então, há essa violência de se abater a ave, e passaríamos a listar, por exemplo, as carreiras, quem não conhece as carreiras? E se há uma ave que não é instigada, é o galo de briga, é da natureza da espécie, ele briga naturalmente, aqueles que não conhecem nós podemos levar aos criatórios, às rinhas para que façam uma análise.

Há uma série de embates, como os rodeios, há uma série de atividades onde há uma certa violência. Mas a rinha de galo se dá dentro de padrões onde as aves têm a maior proteção, tanto é verdade que o galo de briga é o que dura mais, ele vai a dez anos. É bom que a Casa saiba que os embates de rinha de galo não são todo o ano, a temporada inicia em maio, junho e em novembro já está encerrando. Há todo um conjunto de regras que eu gostaria de expor. E convido o Ver. Antonio Hohlfeldt para visitarmos uma sociedade galista para ver como é que se dá o embate entre galos de briga.

Se a questão é a violência, temos que terminar com outras atividades: o tiro de laço, as carreiras, a doma e tantas outras. Vamos assumir, vamos acabar com o abate de frangos, essa é a maior das violências, é a mais truculenta, o frango é morto desnucando-se o pescoço da ave. Isso não é violência?

Vejam bem, na rinha de galo não há uma ação do homem contra a ave. As aves em condições de igualdade de peso, de altura são colocadas por um determinado tempo, elas peleiam, há um juiz que faz o controle, e são posteriormente levantadas. Não há isso que se diz, e eu estou falando de rinha de galo não estou falando de clandestinidade, de pegar uma ave, um galo superior a outro em pesa e altura e jogar num terreiro para que um abata o outro. Isso é diferente. É bom que se tenha presente que nas associações onde se pratica o esporte da rinha de galo, o galo é submetido a um tratamento absolutamente igual. O galo é criado como uma pessoa e tratado como uma pessoa. Aliás, o crime que o galista comete é tratar o galo como se uma pessoa fosse, tal o carinho que dedica.

Gostaríamos que os seres humanos fossem tratados como galo de briga. Visitem um criatório para ver as condições em que o galo de briga é tratado.

Se fecharmos as rinhas aí pelo Rio Grande e em Porto Alegre desempregaremos muitas pessoas, pois só aqui em Porto Alegre há mil pessoas que dependem, junto com as suas famílias, do emprego, quer seja como funcionário ou proprietário da rinha de galo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Jocelin Azambuja está com a palavra para encaminhar pela Bancada do PTB.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós estamos encaminhando para dar a nossa posição, pois entendemos que não há por que querermos impedir aquilo que faz parte da cultura de nosso povo.

Eu me criei assistindo a rinha de galo lá no bairro Nonoai e sempre vi o cuidado que tinham com os animais. Eram familiares de amigos meus que cuidavam dos animais e sempre vi que existia muito cuidado no sentido de preservação dos animais.

Claro que a violência é uma coisa que preocupa a todos nós. Se nós tivéssemos que pensar nos atos que podem representar violência, teríamos que pensar em tudo aquilo que está em nossa sociedade, nós teríamos que pensar no momento em que nós olhamos a televisão e vemos os programas esportivos, vendo aquilo que é considerado esporte, então teríamos que banir tudo da televisão, desde as lutas de tae-kwon-do, luta livre, jiu-jítsu, luta de boxe, enfim, tudo aquilo que faz parte da cultura esportiva de um povo. É a mesma coisa que nós dizermos ao povo espanhol para acabar com as touradas; faz parte da cultura deles. Cada povo tem a sua cultura, os seus costumes e os seus hábitos. Claro que tudo que gera violência preocupa; tudo o que é imagem violenta preocupa, mas as rinhas de galo, pelo que se tem conhecimento daqueles que trabalham na área jornalística e que já fizeram pesquisa a respeito e que acompanharam o trabalho que os galistas fazem, tem nisso uma atividade até saudável no sentido da preservação da espécie.

Há peixes que, se colocados no aquário e deixados ali, matam-se, imediatamente, porque é da natureza deles. Se deixar uma determinada espécie ali dentro ela entra em conflito com a outra ou com a mesma espécie e eles até se matam.

Os galistas educam, fazem regras para aquele esporte, que eles consideram positivo.

Nós não consideramos no voto da Bancada nada que seja ofensivo aos direitos, à violência, ao estímulo, nada disso; simplesmente faz parte da cultura do nosso povo. Em Porto Alegre há vários bairros onde tem gente acostumada à prática; tem clubes formados já há muitos anos, organizados e legalmente constituídos dentro daquilo que estabelece a Legislação. Então, não há por que, hoje, nós querermos separar uma questão que faz parte da cultura de todos nós, daqueles que conhecem, daqueles que amam o esporte, que amam a luta livre, que amam o boxe, que amam tantos esportes violentos, como mostram as imagens que são transmitidas diariamente nas redes de televisão ou nas páginas dos jornais e em fotografias. Fazem parte da natureza humana os jogos, as atividades esportivas que se considera serem saudáveis. Mas nós não temos esse entendimento. Nosso entendimento é de que a prática de rinha de galo pode ser feita, sendo consubstanciada em princípios e regras que preservem os animais.

Há poucos dias, apareceu uma matéria numa rede de televisão muito elucidativa a respeito, mostrando qual o trabalho que se fazia de cuidado e de preservação dos animais.

Muitas vezes tem-se uma imagem negativa, mas é claro, se mostrarmos todos os dias aquelas imagens das pessoas sangrando numa luta livre, aquelas pessoas que fazem mistura de boxe com luta livre, que quase se destroem num tablado, todo o mundo fica assistindo, vibrando e paga-se para entrar lá, isso faz parte da natureza humana.

É preferível que existam regras mais claras, que preservem uma espécie, como é o caso dos galistas que fazem esse trabalho. Não há por que mudar alguma coisa que já faz parte do nosso conceito cultural. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, inicialmente afirmo que a nossa Bancada está liberada para o voto, tem praticamente a metade de voto com cada posição, portanto trata-se de uma manifestação de cunho pessoal. Os companheiros que votarem contra o Projeto, o farão vendo a necessidade de algum tipo de regulamentação com relação a esse assunto.

Trago algumas opiniões sobre o tema: aqui, na vizinha Santa Catarina, há uma tradição cultural chamada de “Farra do Boi”. É uma das coisas mais violentas, mais trágicas que o ser humano poderia criar contra os animais, e alguém aqui ou, quem sabe, na Assembléia Legislativa de Santa Catarina poderia dizer: mas isso é cultural. Não existe animal nenhum no mundo que tenha nascido, Ver. Elói Guimarães, para guerrear. Os machos só brigam para estabelecer o seu espaço geográfico ou para disputar a fêmea na época do cio e da reprodução. Nenhum animal nasceu para brigar. Como são criados os galos? Alguém diz que são criados quase como ser humano. Numa grade, numa cadeia, num espaço restrito? Como se dá a preparação da luta? São colocados esporões de aço nos pés do galo. Isso é natural? Isso é tratar como ser humano? Isso é de um masoquismo terrível contra um animal indefeso, uma pequena ave. Isso não pode ser alguma coisa que o ser humano pratique e ache que é cultural e que tem que seguir adiante. Eu nego isso! Eu sou absolutamente contra uma visão como essa!

O Ver. Elói Guimarães disse que todo o mundo gosta de um galetinho no espeto, mas todo mundo gosta para alimentação, e esta é a lei da natureza: não existe animal livre no mundo que mate outro que não seja para comer, sem maltratá-lo.

Essas são as regras, Ver. Elói Guimarães, e não esse procedimento sádico do ser humano contra alguns animais.

Portanto, o meu voto e o de alguns Companheiros será - assim como já o fizemos na primeira votação - sim ao Projeto. E vale lembrar que a nossa Constituição Estadual já proíbe esse tipo de procedimento; o art. nº 251, inciso VII, diz que é obrigação do Poder Executivo proteger a flora, a fauna e a paisagem natural, sendo vedadas as práticas que colocam em risco a sua função ecológica e paisagística ou que provoque a extinção de espécie ou submeta os animais à crueldade.

Portanto, a Câmara Municipal de Porto Alegre deve seguir essa linha do constituinte estadual e proibir essa prática que, do meu ponto de vista, não está de acordo com a elevada consciência ecológica do povo do Rio Grande do Sul - este Estado que eu escolhi para viver e que muito me orgulha. Eu até digo que há muito tempo eu sou um “alaúcho”, mas essa prática não está de acordo com a política, com a visão geral e avançada deste povo que é culto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Fernando Záchia está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Senhor Presidente e Senhores Vereadores, eu estava ouvindo as manifestações dos Vereadores que aqui me antecederam. Nada contra o Projeto nem ao autor do Projeto, mas eu estava pensando: será que nós não temos - Câmara de Vereadores de Porto Alegre - algo mais importante para discutirmos aqui? Nada contra os galistas, nada contra aqueles que têm essa atividade profissional, Ver. Elói Guimarães, atividade tido até como esportiva, mas será que nós, Vereadores, ao olharmos Porto Alegre, não vemos Porto Alegre com problemas na saúde, na educação, não vemos crianças na rua sem ter o que comer, crianças morrendo de fome, com seus pais desempregados? Será que nós Vereadores não temos que trabalhar para essas pessoas? Será que a população, quando nos elegeu, não pensou que nós trabalharíamos e olharíamos por esta Cidade; mas não que estaríamos aqui preocupados em poder ou não poder permitir uma disputa de rinha de galo!

Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu não queria encaminhar essa matéria, mas venho aqui mais para fazer um desabafo, porque entendo que isso existe há mais de quinhentos anos e nunca houve, Ver. João Dib, nenhum problema para a sociedade, nenhuma criança morreu ou deixou de ter uma condição melhor de vida porque existiu a rinha de galo.

Vamos pensar um pouco nas crianças, nas pessoas que estão cada vez mais com dificuldade de viver. Essa é a nossa obrigação e essa, me parece, é a nossa função primordial. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE Em renovação de votação o PLL nº 086/98.

 

O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Sr. Presidente, a Questão de Ordem versa sobre a matéria em questão. Sugiro a V. Exa. que colhesse os votos Vereador a Vereador, uma vez que a votação tem natureza una.

 

O SR. PRESIDENTE: Vamos fazer uma votação uniforme. Aceito a ponderação do Ver. Isaac Ainhorn e solicito ao Vereador 1º Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores, por solicitação do Ver. Nereu D’Ávila. (Após a chamada.) REJEITADO por 7 votos SIM, 19 votos NÃO e 2 ABSTENÇÕES.

 

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 1241/98 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 002/98, que altera dispositivo da Lei Complementar nº 133, de 31 de dezembro de 1985, e dá outras providências.(convocação para RDE, de detentores de CC5, sem formação universitária ou habilitação legal equivalente)

 

Pareceres

- da CCJ. Relator Ver. Juarez Pinheiro: pela aprovação do Projeto;

- da CEFOR. Relator Ver. Clovis Ilgenfritz: pela aprovação do Projeto;

- da CUTHAB. Relator Ver. Paulo Brum: pela aprovação do Projeto.

 

Observações:

-  para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA - Art. 82, § 1º, I e III, da LOM;

-  discutiram a matéria os Vereadores J.Dib, A.Losada, L.Braz, R.Guimarães, J.Valdir, R.Pujol.

-  adiada a discussão por duas Sessões.

 

O SR. PRESIDENTE: Requerimento de autoria do Líder do PT, Ver. Guilherme Barbosa, solicita que a discussão do PLCE nº 002/98 seja adiada por duas Sessões. Em votação. (Pausa.) Os Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa) APROVADO. Está adiada a discussão desse projeto por duas Sessões.

Temos a satisfação de registrar a presença do Jornalista Armando Burd, amigo da Casa e dos Vereadores. É uma satisfação, nobre amigo Armando Burd. Considere-se abraçado pelo Presidente da Casa e pela Mesa.

Em votação o Requerimento nº 25/99 – Moção de Protesto por não ter o Governo Federal iniciado o cumprimento da Convenção nº 168 da Organização Internacional do Trabalho. O Ver. Cyro Martini está com a palavra para encaminhar como autor.

 

O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, há fatos que nos chamam, sobremaneira, a atenção. Um deles foi justamente o que diz respeito ao Decreto nº 2.682, de julho de 98, do Governo Federal, que trata da Convenção nº 168, da Organização Internacional do Trabalho, e que diz respeito à promoção do emprego e à proteção contra o desemprego. Por que isso me chamou a atenção? Porque é óbvio: se o Governo assina com a Organização Internacional do Trabalho um compromisso pelo qual assume o dever de laborar no sentido de promover o emprego, nós somos obrigados a entender e a pensar que o Governo vai agir nessa direção. Se fosse algum amigo ou conhecido nosso, nós reclamaríamos, sem dúvida, que ele deve cumprir com o dever assumido no compromisso.

Como é que o Governo Federal assume um compromisso, assinando um documento internacional firmado com a Organização do Trabalho, dizendo-se a favor do emprego e que vai desencadear todos os processos e as providências para garanti-lo?

Como é que eu vou entender que o Governo que assim procedeu, moral e juridicamente, em plano internacional, no nosso próprio território nada faz no sentido de garantir o emprego?

O problema do emprego hoje não atinge apenas as camadas cuja mão-de-obra não é especializada, como a da construção civil, como a das pessoas mais humildes dos bairros, das vilas. Há muitas pessoas com mão-de-obra qualificada que não têm emprego, que foram despedidas, que hoje estão “à cata” de uma solução para a sua angústia, para o seu desespero, porque, embora tenham habilitação para trabalhar em uma ou outra atividade, não têm emprego. Como é que vão alimentar suas famílias? Como é que vão educar os seus filhos?

Isso é o que nos perguntam. Perguntam-me lá no Partenon, perguntam-me aqui pessoas aflitas. O desemprego não atinge apenas aquela pessoa humilde e modesta que está procurando uma vaga de “office-boy” ou de servente de obras; atinge também a mão-de-obra qualificada, de pessoas que nós vemos que têm qualidade para exercer a atividade para a qual foi preparada, e não tem emprego. E eu, lá nos meus arquivos, olhando, deparo-me com o compromisso assinado pelo Governo Federal com a Organização Internacional do Trabalho, compromisso pelo qual assume a obrigação de promover o pleno emprego.

Por isso nós temos que, pelo menos, deixar aqui registrado o nosso protesto. Se foi um ato pelo qual o Governo Federal apenas teve a pretensão de querer figurar de bonzinho, ou coisa que o valha, no plano internacional, nós não podemos aqui aceitar. É lastimável que nós não tenhamos diante de nós nada que nos indique, que nos aponte, que nos mostre uma perspectiva pela qual o brasileiro tenha assegurado o seu emprego. Eu vejo a situação do desemprego como um problema muito sério, e acho que todos nós temos que atentar para o problema de São Paulo, do desemprego em massa aqui mesmo em Porto Alegre e no Brasil de um modo geral. O problema do desemprego é um problema muito sério; temos que ter todo o cuidado com ele. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, sobre a Moção de Protesto contra o Governo Federal quanto à questão do emprego, eu a considero pertinente, mas hoje a questão do emprego tem que ser bem mais discutida no âmbito da sociedade.

Neste ano, para o período da quaresma, a Igreja Católica, por intermédio da CNBB, estabeleceu, como tema da campanha da fraternidade, a questão do desemprego, e ainda faz um questionamento: “Desemprego por quê?” Realmente, a cada dia que passa, as pessoas estão perdendo a sua auto-estima. Hoje, em São Paulo, 16,3% da população economicamente ativa não têm emprego e, através de dados estatísticos, constatou-se que uma pessoa acima de 40 anos está levando 53 semanas para conseguir um novo emprego, e uma pessoa com idade inferior a 40 anos está levando, em média, 36 semanas. Cada vez mais aumenta o índice de desemprego em nosso País.

Também foi constatado que a questão do índice salarial, de 97 para 98, em nosso País, diminuiu 3,5%. O que se constata? Constata-se que as empresas estão demitindo as pessoas e que, quando contratam, fazem-no por salários mais baixos. Então, na realidade, além de não mais existir capacidade geradora de emprego, há o aviltamento do salário de grande parte da população do Brasil.

Então, este é um momento crucial em que deveria ser muito mais discutida, no âmbito da sociedade, a questão do desemprego, porque ele está atingindo a totalidade da classe trabalhadora e a sociedade brasileira. Urge resgatar a sua dignidade com novos empregos. O que não está sendo feito é a geração de novos empregos em nosso País. Essa é uma necessidade urgente, e não temos dúvidas que, cada vez mais, o índice de criminalidade aumentará entre as pessoas que perderam sua auto-estima, entre aquelas que levam, em média, 53 semanas para conseguir um novo emprego e que, quando o conseguem, conseguem-no com salários mais baixos do que ganhavam anteriormente. Por isso, achamos pertinente esta discussão neste momento. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para encaminhar o Requerimento nº 025/99.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Senhor Presidente e Srs. Vereadores, saúdo a presença do ilustre jornalista Armando Burd. Gostaria de ressaltar a inteligência do Ver. Cyro Martini que faz o seguinte Requerimento: (Lê.)

“O Vereador que subscreve requer a V. Exa. que após a devida tramitação regimental encaminhe ao Presidente da República Moção de Protesto, visto não ter o Executivo Federal, até a presente data, criado o seu regime de proteção contra o desemprego e definido sua política de emprego.”

Moção de Protesto contra quem, contra o quê?

Evidentemente, a CNBB tem desempenhado um papel fantástico neste País em relação àqueles segmentos da sociedade mais oprimidos, mais necessitados, mais excluídos, como foi o caso da criança, da mulher, do presidiário e, agora, e do desempregado. Agora, a Organização Internacional do Trabalho confere obrigações, por meio de dispositivos, obrigações que os Estados devem desenvolver, políticas de combate ao desemprego e de providências ao reemprego.

Registra-se hoje, na história, com a descentralização das montadoras, um sério problema de desemprego. Por exemplo: no Estado do Rio Grande do Sul e no Estado de São Paulo. Mas registre-se também que até 31 de dezembro de 98, só a GM pagou dois milhões de horas novas de trabalho para novos empregos no Rio Grande do Sul, enquanto que a Prefeitura de Porto Alegre reduziu a EPATUR - sendo o turismo a maior fonte de resgate de desemprego - a uma subseção da Secretaria Municipal de Indústria e Comércio. Secretaria esta que já não ia bem e que agora tem como suporte básico a política de turismo de Porto Alegre, onde vemos poucas chances de ele se desenvolver, porque a Administração é formalmente contra a Empresa Porto-alegrense de Turismo e propôs a sua extinção, apesar de - e esse é o grande paradoxo a ser explicado - não sabermos por que um prefeito que tanto viaja detesta o turismo como solução, evidente que parcial, que paliativa, desse desemprego que hoje campeia e cuja solução é função dos governos estaduais, municipais e de uma sociedade inteira.

E não se computam nas estatísticas dos desempregos, os reempregos. Não se diz, nesse documento, que uma das pessoas mais preocupadas, mais angustiadas, mais sensíveis ao problema é, indiscutivelmente, o Presidente da República, que tem ido à televisão para anunciar verbas contra o desemprego e programas, inclusive o de renda mínima, para filhos de pessoas desempregadas, dando o máximo de assistência possível neste momento agudo do problema.

É evidente que existe, por trás de cada moção de protesto, um ganho sub-reptício, um ganho secundário político, trazendo à tona um problema que já existe e que já não precisa mais ser trazido à tona. Há sempre algum faturamento político atrás de uma moção de protesto. Todos nós protestamos contra o desemprego e contra o despreparo, não deste Governo, mas de todos os governos anteriores contra o desemprego. Esse é um problema mundial que nos desafia.

Hoje o jornal Folha de São Paulo publica um trabalho magnífico, mostrando a descentralização da produção dos automóveis brasileiros para seis ou sete estados, montadoras que não são mais de São Paulo, e que estão abrindo novas perspectivas de reemprego. Esta é uma das formas de se fazer política e não fazer a exclusividade da microempresa, que resolve parcialmente o problema. Mas com a grande, a média e a pequena empresa, as três juntas, aí, sim, nós temos alguma chance de lutar contra esta chaga social, esta imensa dificuldade que tem este País de enfrentar o desemprego. Não como um problema eleitoreiro, mas como um problema social. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra, para encaminhar.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Este Requerimento do Ver. Cyro Martini traz à baila, neste Plenário, uma matéria importante: o desemprego.

Eu sempre achei que nós não poderíamos ter aceito a globalização de chofre, como se fosse imposição. Por que a China e a Índia não aceitaram a globalização, dentre os países proeminentes, os ditos emergentes? A China e a Índia repeliram a globalização, exigiram e exigem alíquotas. Os produtos que são importados são submetidos a alíquotas e, os exportados, eles fazem todo o possível para dar uma ênfase toda especial. Por que o Brasil não seguiu, também, esta meta? Por que se abriu, repentinamente, a globalização? A globalização - são palavras minhas - é uma gazua. O que é gazua? É uma chave especial que abre qualquer fechadura. É uma gazua que abriu todas as alfândegas dos países pobres, ditos emergentes, para os países ricos.

Vejam, os senhores, o que conseguiu o Grupo dos Sete? Conseguiu um verdadeiro milagre, conseguiu abrir, com exceção da China e da Índia, todas as alfândegas dos países emergentes para que jogassem aqui os R$ 1,99. Todos nós compramos, todos nós nos regozijamos em adquirir essas bugigangas que vieram como conseqüência da globalização. Mas a que preço? Ao preço de a nossa indústria e o nosso comércio fenecerem, falirem, saírem por aí, em vielas, em esquinas as mais obscuras, trocando de profissão, porque não podiam mais competir. Como se vai competir? E vejam, nós somos a oitava economia do mundo! Como explicar que sejamos a oitava economia do mundo? Existe o Grupo dos Sete, sete economias pungentes, o Brasil é a oitava, logo a seguinte. O PIB brasileiro foi de 913 bilhões de reais, em 1998 e, no entanto, em que situações estamos? De pires na mão, fazendo contas com o FMI, totalmente enredados, em uma guerra interna federativa em que se empolga o Governador do Rio Grande e o de Minas Gerais tentando até um confronto com o Poder da União! Por que aconteceu isso? Aconteceu, simplesmente, porque esses produtos vieram para cá, as alfândegas deixaram entrar, a informática preponderou sobre tudo. Um País com um contingente de brasileiros despreparados para um momento internacional, e não tivemos como responder que éramos vítimas, que não estávamos preparados para a grande orgia do Grupo dos Sete, que agora está amedrontado com o que vai acontecer, porque vão perder os clientes por total inadimplência, por que não podem pagar. Então, vão matar, ou mataram, a “galinha dos ovos de ouro”.

Esta é a verdade do desemprego. Nós brincamos de país rico, com uma estabilidade econômica que nunca nos deu plano econômico nenhum. Conseguimos uma estabilidade econômica, mas a que preço? A trezentos e oitenta bilhões de dívida interna e a duzentos e oitenta bilhões de dívida externa! Quase um PIB. Fomos felizes por quatro anos. Compramos o que bem entendemos. Tivemos os vencimentos - o funcionalismo federal que o diga - praticamente estagnados, numa linha de depauperação total. No entanto, qual era a grande máxima? A grande oportunidade era que a dentadura estava ao alcance de qualquer um e que o frango era a moeda nacional. E pronto.

E estamos até hoje nessa patetice, conversando sobre desemprego, que é uma conseqüência de um país com um contingente de analfabetos, de homens despreparados, de mulheres despreparadas, que não pode competir com o Grupo dos Sete. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Adeli Sell está com a palavra, para encaminhar o Requerimento nº 025/99.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Sras. e Srs. Vereadores, Senhoras e Senhores. Quero agradecer à Liderança da nossa Bancada, Ver. Guilherme Barbosa, e aos nossos colegas da Bancada do PT, pela oportunidade que me deram de fazer a defesa da Moção apresentada pelo nobre Ver. Cyro Martini.

Queria dizer ao Ver. Pedro Américo Leal que não se trata apenas de uma questão de despreparo, que se falarmos de despreparo também temos que repudiar a política do Governo Federal. Porque o Governo Federal durante todo o ano passado não abriu qualquer inscrição para o crédito educativo para os nossos jovens. Muitos abandonaram a universidade, apesar de terem passado no vestibular. Foi esse Governo Federal que sucatou a ciência e a tecnologia, inclusive quer acabar com o Ministério da Ciência e Tecnologia. O problema de despreparo existe, evidentemente. E querem acabar com as nossas escolas técnicas. O Parobé já não é mais a antiga Escola Técnica Parobé. Hoje, cinco importantes escolas técnicas do Estado, a partir de uma proposta do Governo passado, Governo aqui de nosso Estado, também deixaram de ser escolas técnicas, como o eram até então.

O problema do desemprego está bem colocado pelo Ver. Cyro Martini, porque havia um compromisso do Governo Federal. O Governo Federal assina um compromisso com a Organização Internacional do Trabalho e vira as costas para o que acaba de assinar.

Nós temos uma triste e dramática realidade de desemprego por causa do modelo econômico e em função da submissão do Governo Federal às políticas do Fundo Monetário Internacional. Essa política do neoliberalismo, na verdade, a ideologia do neoliberalismo, faz com que nós tenhamos apenas uma política de juros sobre juros, que subjugam o Brasil, que acaba com as nossas riquezas, que acaba com o nosso parque industrial, que acabou com a nossa agricultura. É por isso que nós temos desemprego no Brasil. Não se trata de uma disputa do Brasil com os Sete Grandes, trata-se de modelo econômico, e esse modelo econômico é excludente, é concentrador, e faz com que se exclua trinta por cento da população brasileira. Ela é jogada de lado e está completamente abaixo da linha de pobreza.

É por isso que é correta a proposição do nobre Ver. Cyro Martini, que propõe repúdio àquilo que não se implementou e, portanto, tem responsáveis: o Governo Federal.

Estamos aqui para insistir que precisamos um novo modelo econômico, um modelo econômico que acredita no investimento, no setor produtivo e, antes de mais nada, no setor primário, porque é a partir do setor primário que vamos desenvolver a agroindústria. Se nós temos, hoje, a metade da população de Pelotas desempregada, é porque essa política acabou com a agroindústria de Pelotas, porque trouxe para cá produtos de fora, sem qualquer controle. Veio o enlatado da Grécia e de tantos e tantos outros países, e o nosso pêssego, o nosso figo, completamente abandonados. Não existe uma política de fomento à produção agrícola, à produção primária que, por via de conseqüência, possa gerar a agroindústria.

Foram, e sempre serão os pequenos e médios empreendimentos os maiores fornecedores de mão-de-obra. Não serão os megaempreendimentos, porque já dissemos aqui o que significam as montadoras, o exemplo está em São Paulo, com as demissões na Ford. Não significa, como dissemos na semana passada, aqui, a vinda do Carrefour, do Sonai e desses megaempreendimentos, porque eles, na verdade, fazem com que se crie uma ilusão de consumo e fazem com que dezenas, centenas de pequenos empreendimentos vão a falência. É por isso que é justa e correta a proposição dessa Moção pelo Ver. Cyro Martini. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Ver. Presidente Nereu D’Ávila, Ver. Adeli Sell, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, eu também quero saudar aqui o jornalista Armando Burd, que nos honra com a sua presença. É um motivo de satisfação para nós, aqui na Câmara de Vereadores, quando somos prestigiados por alguém da importância do jornalista Burd.

 Eu acredito que esta Moção, assinada pelo Ver. Cyro Martini, que é um Vereador muito sério, que trabalha bastante - e eu acredito muito no trabalho desenvolvido pelo Ver. Cyro - que é lá da minha área, daquela região ali do Partenon, poderia estar completa, Ver. Cyro, se ela não tivesse apenas este ingrediente político que V. Exa. tentou implementar na sua Moção, tentando fazer com que apenas o Governo Federal fosse responsabilizado por tudo aquilo que acontece em matéria de desemprego no Brasil. O Ver. Adeli Sell veio a esta tribuna e apontou como uma das grandes causas desse desemprego a falta de política agrícola em nossa região do Rio Grande do Sul, dizendo inclusive que em Pelotas aqueles produtores de frutas acabam sendo prejudicados por causa de falta de uma política agrícola por parte do Governo Federal. E quando eu ouvia o Ver. Adeli Sell falando exatamente desse tratamento que é dado aos pequenos produtores, eu me lembrava que, aqui, em Porto Alegre, bem próximo de nós, eu também, há pouco tempo, Vereador, junto com V. Exa., vi pequenos produtores hortifrutigranjeiros da Vila Nova sendo extremamente maltratados pelo Governo Municipal. Se é verdade que na região de Pelotas o problema do desemprego está acentuado pela falta de uma política agrícola por parte do Governo Federal, eu não vou contestar, então também é verdade que aqui bem próximo de nós, na nossa região, na Cidade onde moramos, onde somos Vereadores, na Vila Nova, os pequenos produtores hortifrutigranjeiros foram extremamente maltratados por causa de um projeto do Governo do Município que queria, a todo pano, fazer com que uma determinada empresa, uma multinacional fosse favorecida ao se estabelecer na zona do Cristal, em detrimento, inclusive, daquelas pessoas que queriam apenas trabalhar em prol da produção na Vila Nova. Nós assistimos a isso, acompanhamos e debatemos neste Plenário, mas o que prevaleceu foi a vontade do Governo Municipal. Então, se existe um trabalho que merece protesto pelo que fez de mal, pelos prejuízos que trouxe a pequenos produtores, se a política do Governo Federal merece esse protesto - e eu acho que até merece, Ver. Cyro Martini -, também merece a política implementada aqui pelo Governo do Município, porque foi altamente nefasta para essa área de produção.

Eu acho que V. Exa., Ver. Cyro Martini, deveria tirar um pouco desse ingrediente político-partidário que coloca na sua Moção de Protesto e colocar um protesto contra todas as autoridades que prejudicam o aparecimento de empregos. Por exemplo, contra algumas ações do recém-iniciado Governo do Estado que, através de seus protestos e discurso, que no seguimento da campanha, afugentam empresas do Rio Grande do Sul e fazem com que empresas que estavam praticamente se instalando, trazendo empregos para o Rio Grande do Sul, estejam sendo afugentadas. Acho que esse protesto deve ser feito, na verdade, contra todas essas atitudes, contra todas essas autoridades, contra todos esses que fazem com que o aparecimento de emprego aqui no Rio Grande do Sul e em todo o território nacional não possa ser crescente, porque existe sempre esse ingrediente político-partidário que se nota aqui nas ações em Porto Alegre, nas ações no Rio Grande do Sul e, como V. Exa. coloca aqui, nas ações também implementadas pelo Governo Federal.

Só para encerrar, Ver. Cyro Martini, eu vou ter uma satisfação muito grande em votar a favor desta Moção de Protesto, mas eu pediria a V. Exa. que colocasse um adendo: que colocasse, aqui, para nós protestarmos também contra as ações nefastas daquelas pessoas que integram hoje o Governo do Partido do qual V. Exa. faz parte. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o Requerimento do Ver. Cyro Martini que propõe que esta Casa repudie o Presidente da República pela inexistência de uma política de combate ao desemprego neste País, constitui-se, Sr. Presidente, ao lado de uma manobra política inteligente, desse nosso competente Ver. Cyro Martini, um ato que deve merecer a maior cautela por parte da Casa, na medida em que, Ver. Luiz Braz, a contundência da proposta nos autoriza e nos determina esse tipo de reflexão. Fala-se na ausência de política de combate ao desemprego quando, em verdade, temos que falar numa política de emprego, na criação de novas alternativas, de colocação da mão-de-obra especializada e não-especializada deste País.

E, nesse particular, Ver. Cyro Martini, quero com toda a tranqüilidade dizer que o seu Partido, o Partido dos Trabalhadores, especialmente aqui em Porto Alegre, tem débito com a comunidade e está sem condições de repudiar quem quer que seja porque falhou, flagrantemente, ao tentar elaborar uma política de emprego nesta Cidade, gerando uma política para a área industrial da Restinga que, durante anos e anos, não gera um emprego sequer. Um emprego sequer é gerando na área industrial da Restinga pela Administração do Município de Porto Alegre, do Partido dos Trabalhadores há dez anos, às vésperas de 11 anos. Querer, agora, diante de um quadro internacional complicadíssimo, em que as próprias chamadas “Grandes Nações”, se encontram enfrentando o problema do desemprego até em ritmo maior que o brasileiro, transferir toda essa responsabilidade ao Presidente da República é uma demasia que se transforma em demagogia, num lance político inconsistente e inconseqüente. Valeria, inclusive, Ver. Guilherme Barbosa, que diante do anúncio que se faz de que o Rio Grande do Sul vai produzir uma safra recorde de arroz e nós, sabendo de todas as medidas que o Ministério da Agricultura, através do Ministro Turra, tomou na área de renegociação a dos débitos da lavoura orizícula, que viéssemos aqui querer voto de congratulações, de apoio e de aplausos ao Presidente da República, que financiou essa safra que se apresenta com prognóstico de ser a maior da história. Não, seria uma demasia da nossa parte. Esses assuntos são complexos demais para serem tratados com tanta simplicidade. Eu entendo que é uma temeridade, numa hora em que se procura, as boas cabeças deste País, aproximar governo da União, governos dos Estado, no sentido de fazer frente à grande crise que existe, que não é desmentida, que é real, que é sentida, que vem de longe.

Nesse momento, a Câmara de Vereadores da Cidade de Porto Alegre, Capital do Rio Grande do Sul, aprovar esse despropósito que constitui este Requerimento não contribui absolutamente com nada, com todo o esforço que está-se fazendo no sentido de dotar os poderes públicos deste País em nível federal, estadual e municipal, de meios e mecanismos para enfrentar essa crise, enfrentar essas dificuldades. Então, eu não tenho dúvida nenhuma, se necessário for, não é pela circunstância de que o meu Partido tenha indicado o Vice-Presidente da República, que nós tenhamos apoiado o Presidente Fernando Henrique, que eu vá aqui, querer defendê-lo em tudo, dizer que ele não erra, que ele é uma pessoa infalível, porque não tem essa infalibilidade. Não tenho dúvida nenhuma. Agora querer transferir para o Presidente da República essa tamanha soma de responsabilidade e culpá-lo de todo um processo no qual ele é mais vítima que nós, ora Sr. Presidente e Srs. Vereadores, isso é uma demasia, é uma insensatez.

Se a Casa quiser contribuir para botar mais gasolina nessa fogueira de radicalidade que está estabelecida neste País desde o novo inconfidente Itamar Franco, que vote esse Requerimento. Agora, estou dizendo claramente, isso não contribui com nada, não ajuda em nada; pelo contrário, prejudica aqueles que estão querendo enfrentar esse problema e colher não só resultados setoriais como esse que já se começa a vislumbrar em partes da agricultura do Rio Grande, como também em parte da agricultura paulista, com o crescimento do preço nacional da laranja, mas para todo o segmento da sociedade brasileira. Quem quiser contribuir para isso não faça insensatez, porque isso é insensatez, repudiar o Presidente da República por não ter formulado uma política de combate ao desemprego, como se isso fosse apenas uma coisa que se inscrevesse.

Se valesse isso Sr. Presidente, a Restinga estaria com milhares de empregos, todos aqueles empregos que anos após anos nas campanhas eleitorais o PT promete, diz que vai fazer e não faz. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para encaminhar o Requerimento nº 025/99.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a Moção de autoria do Ver. Cyro Martini é oportuna e adequada. E não vale trazer-se à colação comprometimentos na questão do desemprego de parte do Governo Municipal e do Governo Estadual. Eu até não estaria aqui a dar conselhos, mas que articule a Casa também moções de repúdio ao Governo Municipal e ao Governo Estadual. O que não podemos é ficar no governismo, na boa educação, porque estamos vivendo uma crise. Estamos vivendo uma crise, é bem verdade, mas esta crise não retira a responsabilidade das autoridades, e a discussão é exatamente sobre alguém que tem a maior responsabilidade sobre o desemprego, a falta de políticas ao emprego em nosso País, que é o Governo Federal, do Sr. Fernando Henrique Cardoso. Essa é uma premissa indiscutível.

Então, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, temos que tirar do debate estas cautelas, precauções e bons tratos que não questionam as autoridades. Temos que questionar a autoridade. E nesta matéria, Ver. Cyro Martini, V. Exa. está sendo absolutamente adequado, porque questiona a autoridade de maior responsabilidade, ou a mais responsável. Haverão de dizer, como já disseram outros Vereadores que me antecederam, que existem outras responsabilidades. Devem existir outras responsabilidades, mas esta autoridade do Presidente da República nós não podemos omitir, porque a política econômica do Governo Federal é catastrófica para a Nação.

Olhem o crescimento do Produto Interno Bruto no ano passado e a perda salarial que tiveram os trabalhadores brasileiros. O salário real do ano passado foi menor do que no ano anterior. Então, esta é uma política catastrófica. Essas moções são importantes, porque aqui se articula uma onda. É preciso, Ver. Cyro Martini, que iniciativas como a de V. Exa. articulem esta onda, para que ela se incorpore na consciência da Casa, da Cidade, do Estado, do País. É preciso falar, é preciso dizer, e a forma de dizer é esta aqui. Ou ignoramos, por acaso, haver, sem precedentes na história brasileira, o maior desemprego deste País. As maiores taxas de desemprego deste País se registram na atual conjuntura e há responsabilidade, sim, do Governo Fernando Henrique Cardoso. Então, essa Moção vem na hora oportuna e é adequada para que chamemos a atenção das autoridades para essa verdadeira chaga social, que é o desemprego.

Imaginem um chefe de família desempregado! Há uma série de desmandos que esta Casa tem o papel de fiscalizar e de trazer ao debate, e esta é a oportunidade. A Moção é o instrumento regimental, adequado, próprio e capaz de imantar consciências e jogar o debate para fora da Casa, porque agora nós temos o Canal 16. Muitas pessoas estão nos assistindo e, à medida que nos assistem, elas também se incorporam e começam a discutir. Essa discussão vai ganhando aquilo que nós chamamos de onda; a onda para mudar, a onda para modificar, a onda para melhorar.

Eu encaminho favoravelmente à Moção de V. Exa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação nominal o Requerimento nº 025/99 de autoria do Ver. Cyro Martini. (Pausa.) (Após a chamada.) APROVADO por 19 votos SIM e 05 votos NÃO.

Passamos ao

GRANDE EXPEDIENTE

 

O Ver. Cyro Martini está com a palavra por cessão de tempo do Ver. Décio Schauren.

 

O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, no final de semana, sábado, tive a ocasião, folheando o jornal Zero Hora, de ler notícia acerca de um trabalho novo desenvolvido na área profissional da advocacia, que diz respeito às autuações e multas de trânsito.

Quando eu tenho a ocasião de escrever e de falar, dizendo que o trânsito, nacionalmente e, de um modo especial, no Rio Grande do Sul, foi transformado numa mercadoria e, quando eu assim digo, digo com segurança, com certeza absoluta, inclusive diante da experiência e do trato com essas questões de muito tempo, posso assegurar com clareza que diante dessa atitude, dessa maneira de encarar o trânsito como uma mercadoria, como alguma coisa que se oferece à venda, pela qual se pede um preço comprometido com o lucro. Essa maneira de encarar o assunto vai resultar em desastre ainda maior para a situação do nosso trânsito.

Se o trânsito nacional implica morticínio que se estende por todo o país, contra o qual nada pôde, até agora, real e efetivamente, fazer o que está escrito no novo Código Brasileiro de Trânsito; se este nada fez, e se essa atitude de transformar em mercadoria o trânsito, nós não podemos achar que seja algo surpreendente a criação de um escritório de advocacia destinado, exclusivamente, a elaborar defesas contra as autuações e punições de trânsito.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Cyro Martini, eu julgo V. Exa. uma verdadeira autoridade em trânsito, porque já desempenhou funções que o dignificam e o elevam, como a Diretoria do DETRAN.

Eu queria que V. Exa. incluísse, nesse estudo que está fazendo, um problema verdadeiro que são as estradas do Brasil.

Eu não quero, absolutamente, refutar os seus argumentos, mas eu não consigo ser sincero e coerente com essa aceitação das regras de trânsito que saíram no Código Brasileiro de Trânsito, face às estradas que oferecemos aos veículos. Por exemplo: os maiores casos de mortes no trânsito são as ultrapassagens, fora a velocidade.

Na Europa, por exemplo - eu tive a satisfação de atravessar Portugal, Espanha e Itália, de carro -, eu vi, é facílimo, tem seis pistas de um lado e seis pistas de outro. Velocidade não é problema e ultrapassagem também não. Agora, como nós vamos admitir isso no Brasil?

 

O SR. CYRO MARTINI: Nobre Vereador, o problema da engenharia de tráfego e suas implicações, inclusive com relação à conservação das rodovias, é sem dúvida, um fator que ocasiona resultados negativos no trânsito. Agora, V. Exa que muito honrou os quadros da segurança, inclusive na condição de psicólogo, e que leciona Psicologia nas nossas universidades, há de saber que a causa principal não está na engenharia, não está no policiamento, não está nos fatores estranhos à interioridade e à intimidade da pessoa. Nós vamos ter que descobrir a causa primeira, a causa que provoca os excessos de toda sorte no trânsito - como velocidade, ultrapassagens irregulares, passagem em sinal fechado, nas atitudes do ser humano como pedestre e como motorista. Por isso que eu sempre digo que o psicólogo tem um compromisso muito sério com o trânsito. E o Presidente da República não sabe disso, porque vetou na redação final do Congresso Nacional todos os dispositivos que tratavam da presença do psicólogo no trânsito. A presença do psicólogo não é importante só na seleção e na avaliação dos motoristas, ela é mais profunda.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ele vetou os exames psicotécnicos e psicológicos e todos os dispositivos e poupou com isso cem milhões de reais, é o que a imprensa alardeou.

 

O SR. CYRO MARTINI: E ao fazer retornar esses dispositivos o fez apenas colocando o psicólogo como auxiliar do médico, e transformou o trânsito em uma mercadoria.

Criou-se o Centro de Habilitação de Condutores, e uma carteira que custava alguns reais, hoje tem um valor bem maior, obrigando a pessoa a freqüentar cursos, não apenas em situação de carteiras novas, como em outras circunstâncias. Essa justificativa de que poupou alguns milhões não tem cabimento se formos somar o que ele criou como obrigação para o bolso do candidato à carteira, ou a sua renovação.

Eu insisto, Coronel, V. Exa. tem um compromisso muito sério, trabalhou como psicólogo na área do trânsito e lecionou psicologia, e o psicólogo tem que assumir o seu papel no trânsito, o seu papel está antes do advogado, antes do médico, do engenheiro, do arquiteto, ou seja lá de quem for, porque ele é quem tem condições de desvendar os segredos da alma, que levam a pessoa a praticar atrocidades no trânsito. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR PRESIDENTE (Adeli Sell): O Ver. Jocelin Azambuja está com a palavra, por cedência de tempo do Ver. Eliseu Sabino, também da Bancada do PTB.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, temos hoje uma grande preocupação com a questão da violência, especialmente entre jovens, e isso se dá na nossa Cidade, no nosso Estado e no nosso País. Mas nós temos mecanismos próprios para tentar buscar soluções, e eu tive a oportunidade de, há cerca de três anos, fazer uma Lei que cassa o alvará de quem vender bebida alcoólica para menores. Eu levei um ano e meio para regulamentar a lei, que ficou na gaveta do então Prefeito Tarso Genro, e até hoje eu não consigo ver esta lei ser aplicada. Eu tive oportunidade de conversar com o ex-Secretário da Secretaria Municipal de Indústria e Comércio, Sr. Zeca Albuquerque, hoje Secretário de Estado, pedindo providências daquela Secretaria na fiscalização de bares, de casas noturnas, que vendem sistematicamente bebida alcoólica para menores, porque hoje uma das grandes preocupações é a questão das drogas, e o álcool é uma droga extremamente perigosa. As últimas estatísticas apresentadas são alarmantes: crianças desde os sete anos de idade já envolvidas com o vício do álcool por erros culturais, por pais irresponsáveis e por administradores públicos também irresponsáveis. Não se justifica defender tanto os direitos humanos, defender tanto o Estatuto da Criança e do Adolescente e quando se tem um mecanismo, que é modelar e foi um exemplo para o nosso País, que faz com que aqueles que comerciam bebidas alcoólicas sofram penalizações na esfera do Município, porque até então, Srs. Vereadores, só tínhamos as penalizações da Lei das Contravenções Penais e do próprio Estatuto da Criança e do Adolescente, que proíbe vender ou servir bebidas alcoólicas para menores. Só que os municípios ficavam de mãos atadas, eles não tinham como agir, e tivemos a felicidade de encaminhar esse Projeto, aqui na Casa, que foi aprovado pelos Srs. Vereadores, levou um ano e meio para ser regulamentado e, lamentavelmente, até hoje, não foi colocado em prática pela incompetência do Governo Municipal e da Secretaria de Indústria e Comércio.

Recordo-me, muito bem que, há quatro anos, colocamos mais de cem fiscais na Secretaria e eles não têm capacidade para sair às ruas, visitar os bares e restaurantes, lavrar os flagrantes necessários para suspender o alvará daqueles que estão vendendo bebidas aos menores. No meu projeto original, colocou-se a possibilidade de a primeira penalização ser a suspensão do alvará por trinta dias e uma multa pecuniária revertida em benefício do Conselho Municipal da Criança e do Adolescente, conforme emenda do Ver. Décio Schauren, meu colega da Comissão de Educação. Mesmo assim, nem com um Vereador do partido do governo apoiando o Projeto eu consigo colocá-lo em prática em Porto Alegre.

O Ver. João Dib sempre diz que não precisamos de mais leis, mas aqui temos Vereadores que fizeram leis positivas e temos que buscar a aplicação delas. Não entendo o que se passa na Secretaria da Indústria e Comércio e no Governo Municipal que têm pruridos e não querem mexer com os donos dos bares, restaurantes, boates, e casas noturnas. O que existe nesse caso? Nós sabemos que os jovens estão aí, sendo levados às drogas e a primeira delas é o álcool. É um pequeno passo que é dado e que acaba levando à maconha, à heroína, à cocaína, etc. Por que aqui em Porto Alegre eu não consigo fazer isso? Por que o Governo Municipal não quer mexer nesse problema? O que existe por trás de tudo isso? São três anos de incompetência e de não querer fiscalizar.

Eu lembro que a Delegada do DIPAME, na época em que esteve aqui, andou até autuando algumas casas noturnas, encaminhou algumas reclamações para a Secretaria, mas não obtivemos o resultado. O Dr. Pantaleão que está agora na Secretaria, inclusive uma vez tive um debate com ele, na época em que era chefe da fiscalização, e perguntei a ele o seguinte: quando é que iriam penalizar algum bar, restaurante ou casa noturna que vende bebida alcoólica para menores? Simplesmente não querem, Ver. João Dib!

 

O Sr. João Dib: V. Exa. permite um parte? (Assentimento do orador.) Nós temos todas as leis necessárias, basta que elas sejam cumpridas. Nós, legisladores, mais do que fazer leis, temos a obrigação de fiscalizar. Eu sugiro que V. Exa. faça um pedido de informações para que, por escrito, o Prefeito informe a razão do não-cumprimento da Lei e aí V. Exa. terá muito mais força para exigir, para fazer a fiscalização que está sendo feita agora, e que é o correto. Isso deveria ser feito sempre.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Senhores Vereadores, podem observar que em todos os grandes envolvimentos de acidentes que a nossa juventude tem-se matado, normalmente, o componente álcool está misturado nesse processo. Se observarmos os assaltos, crimes e homicídios, os componentes de álcool estão envolvidos em grande parte desses casos. Por que não querem fazer uma fiscalização rígida nos bares que vendem bebidas alcoólicas para estudantes na frente das escolas? O Governo Municipal, que tem a lei na mão, que foi a primeira do País e que foi requisitada aqui na nossa Diretoria Legislativa por várias câmaras municipais do País inteiro, o Governo Municipal não quer autuar ninguém. Não existe uma explicação. Eu, realmente, não consigo entender até hoje!

E aqui fica a minha cobrança ao Governo Municipal, ao Secretário de Indústria e Comércio, ao Prefeito de Porto Alegre, para que cumpra a lei e suspenda e casse o alvará de quem vender bebida alcoólica para menores. Chega de destruir a nossa juventude. Nós precisamos ter uma juventude sadia e, para isso, nós, como membros desta comunidade, precisamos fazer com que eles estejam protegidos com aquilo que determina o Estatuto da Criança e do Adolescente. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Elói Guimarães está com a palavra, em Grande Expediente.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Estava, há pouco, no Plenário, um dos grandes jornalistas do Rio Grande do Sul, Armando Burd, que cobre, no Correio do Povo, a área política. E é neste assunto que eu vou falar.

Eu tenho colocado no Partido, no PDT, algumas idéias diante do quadro atual da conjuntura partidária, já que nós, neste ano, não temos eleições. Então, é o momento oportuno para que os partidos debatam os seus interesses, as suas estratégias, discutam os seus projetos, os seus planos, os seus programas. Eu sou de uma corrente que tem sustentado o fortalecimento partidário. O que significa o fortalecimento e a identidade partidária? Não significa adotar uma postura radical contra alianças ou contra coalizões. Nós entendemos que, na vida dos partidos políticos, as alianças e as coligações são estratégias circunstanciais. Eu diria, até, que são casuísmos diante do grande vetor que têm que ter os partidos políticos, que são as suas candidaturas próprias. Isso não significa dizer que não se possa fazer alianças partidárias para governar.

Eu estou sustentando que o PDT tem que ter candidato no ano 2000. Em face desse entendimento, o PDT não deve participar do Governo Municipal, isso porque, em participando, cria para o Partido uma situação, não de atrelamento ou dependência, mas uma situação, no campo ético, de certo constrangimento. O PDT já governou Porto Alegre, o Estado nessa segunda fase do trabalhismo, porque entendo que o Partido Democrata Trabalhista é o fio da História do trabalhismo que se inicia com Vargas, que funda o PDT e passa por todo esse processo de transformação, chegando aos nossos dias. Penso em me colocar na linha histórica desse trabalhismo; aquele Partido, o velho PTB, que governou Porto Alegre, o Estado do Rio Grande do Sul, através do atual Presidente Leonel Brizola e teve na figura imortal de João Goulart um pequeno espaço na Presidência da República. Assim, eu me sinto, ideologicamente, vinculado a essa linha.

Nós estamos debatendo essa questão partidária, que é uma questão interna, mas que tem que ser debatida publicamente. Penso que a melhor forma de os partidos políticos se firmarem é os seus interesses e rumos partidários serem trazidos ao debate da própria sociedade. Eu estou defendendo, dentro do Partido, essa linha muito clara de que o Partido deve se preparar, a partir de agora, usando seus instrumentos, suas zonais, enfim, toda a sua estrutura partidária no sentido de um debate, mas com essa visão: de candidatura própria.

Logo, parece-me que, em conseqüência, não devemos, independentemente de sermos convidados ou não - essa é outra questão - participar do Governo Municipal, porque queremos, no ano que vem, apresentar uma candidatura própria e tentar voltar à Prefeitura Municipal de Porto Alegre como todos os partidos fazem. Esse é um direito inalienável que têm todos os partidos políticos, inclusive o PT de se conservar na Prefeitura, porque é pelo governo, que denominamos de poder, que temos a oportunidade de colocar em prática os nossos princípios, as nossas idéias. Estou defendendo essa linha dentro do Partido no sentido da candidatura própria e da não-participação no Governo de Porto Alegre. Evidentemente a participação do PDT no Governo Estadual é outra questão, mas a de Porto Alegre é uma questão que diz com as instâncias partidárias municipais. E é exatamente nesse colégio, nesse coletivo de Porto Alegre que estamos debatendo e defendendo a tese da candidatura, da reestruturação do Partido, enfim, de uma luta que deve ser travada. E o tempo passa muito rápido; breve estaremos diante das eleições municipais. Então, é preciso que, com a devida antecedência, o Partido se prepare para o pleito municipal.

Seguidamente, quando converso com os companheiros, conto uma pequena história da eleição do ex-Governador Collares à Prefeitura de Porto Alegre. Nós saíamos de um ato popular no Araújo Vianna - o companheiro Collares estava com 20% nas pesquisas e o companheiro Olívio Dutra com 2%. O Collares chegou. para o Olívio e disse: “Tu não queres participar de uma aliança com o PDT?” Vejam bem: o Collares estava com 20%, e o Olívio, com 2% nas pesquisas. Eram as primeiras pesquisas. Eu nunca esqueço da resposta do Olívio. Foi uma lição. Se o Olívio naquele momento aceitasse compor - porque seria fácil compor -, ganharia a eleição, mas hoje ele não estaria no Governo do Estado, e o PT não estaria na Prefeitura Municipal de Porto Alegre já no terceiro mandato, fato inédito que se deve à garra e à luta do PT. São lições.

Então, eu estou defendendo, dentro do PDT, uma linha autônoma, uma linha independente no sentido de pleitearmos a magistratura do Município no ano que vem. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): O Ver. Fernando Záchia está com a palavra em Grande Expediente.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, muitos políticos e tecnocratas dizem que o orçamento público é uma peça de ficção. Por quê? Porque o orçamento público, grande parte das vezes, não é cumprido.

Por que eu começo dizendo isso? (E já estou-me referindo ao Orçamento Participativo.) Porque começo a olhar Porto Alegre e, cada vez mais, constato a necessidade de se ter, hoje, a implantação definitiva da III Perimetral.

Em 1996, o Orçamento Participativo, referente à III Perimetral, incluía na sua discussão, no plano de investimentos para o ano de 97, um recurso previsto de dezessete milhões, quatrocentos e trinta e um mil reais. Onze milhões e trezentos e noventa e dois mil reais eram recursos oriundos do BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento - e seis milhões de reais eram recursos da Prefeitura Municipal de Porto Alegre.

No ano de 97, a III Perimetral foi novamente incluída como prioridade no plano de investimentos de 98. Aí o valor foi aumentado. No ano anterior era de dezessete milhões e quatrocentos mil reais, e nesse ano já eram vinte e um milhões de reais, sendo quatorze milhões e oitocentos mil, quase quinze milhões de reais do BID, e o restante, os outros seis milhões e duzentos, do dinheiro do orçamento público municipal.

No ano seguinte, esses valores passaram para 30 milhões e quatrocentos mil reais. Em três anos foi discutida a matéria no Orçamento Participativo, foi levada a discussão para a comunidade, foi levada a discussão pela Cidade de Porto Alegre, e todos nós, sem exceção, temos a convicção, temos a certeza da necessidade da implantação da III Perimetral na nossa Cidade.

E nos três anos não foi feito absolutamente nada, não dos recursos oriundos do BID, não daquele dinheiro decorrente de empréstimos à bancos interamericanos, ou ao banco mundial. Não! De recursos do nosso orçamento. Ao longo desses três anos - 97,98,99 -, de recursos alocados do Orçamento Participativo, nada, absolutamente nada foi feito a respeito da III Perimetral.

O Ver. João Dib, como Prefeito desta Cidade, em 1983, iniciava a construção da III Perimetral do Laçador até a rótula da Cairu. De 85, ano do final da obra de alargamento da Carlos Gomes, até agora - e já se passaram 14 anos -, absolutamente nada foi feito na III Perimetral em Porto Alegre. E todos nós temos a convicção da necessidade da construção, da implantação definitiva da III Perimetral, que vem da Zona Sul à Zona Norte da Cidade sem passar pelo Centro de Porto Alegre, alargando as avenidas, dando condições de uma trafegabilidade mais rápida, até uma segurança maior para as pessoas de Porto Alegre. Recentemente houve a morte de uma pessoa por atropelamento na Carlos Gomes, se ali já tivesse sido implantada, se já tivesse sido construída a III Perimetral, sem dúvida alguma, Ver. João Dib, nós teríamos segurança maior.

 

O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Fernando Záchia, é de se acrescentar que a Administração da Prefeitura, nos anos de 95 e 96, teve dois excessos de arrecadação, dois superávits, que poderiam ter sido aplicados no alargamento da Carlos Gomes, da Salvador França, da Tarso Dutra e da Aparício Borges sem precisar de recurso externo. Não entendo por que só colocam a III Perimetral no Orçamento Participativo, mas não a transformam em realidade.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Por isso - agradeço o aparte do Ver. João Dib - eu digo que isso talvez seja uma peça de ficção.

Na hora da discussão, leva-se a necessidade que a Cidade tem, leva-se a ânsia que as pessoas têm em ver a III Perimetral construída. Eu me recordo que, no ano de 1997, o superávit foi de aproximadamente 14 milhões de reais. Ora, não se pode alegar que faltaram recursos, não se pode dizer que o Município não tinha os recursos suficientes para ter ao menos iniciado a obra; para, ao menos em algumas avenidas, dar uma condição melhor.

 

O Sr. Jocelin Azambuja: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu quero me solidarizar com a sua manifestação, até considerando a luta que V. Exa. fez em relação à sinaleira na Av. Carlos Gomes. Tudo isso é colocado dentro do Orçamento, fica-se nessa discussão do Orçamento Participativo e tal, e as pessoas vão morrendo. Lembro que, na Av. Praia de Belas, duas pessoas tiveram que morrer para colocarem uma sinaleira de conversão à esquerda na Botafogo e uma de pedestre na Av. Praia de Belas. Há quatro anos eu luto por uma sinaleira na esquina da Barbedo, onde todos os dias há acidente, inclusive com atropelamentos. E não se consegue nada, porque criam-se essas peças de ficção e esquece-se da vontade do povo.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: E alguns, Ver. Jocelin Azambuja, não gostam das atividades dos Vereadores. Alguns entendem que nós aqui não temos essa atividade principal de representar a Cidade de Porto Alegre.

Volto à III Perimetral; eu insisto nisso. Nós conversávamos com o Ver. Guilherme Barbosa antes dessa manifestação, quando soubemos que foram liberados pelo BNDES os recursos, porque eram contratos assinados anteriormente ao problema atual de relacionamento entre Governo do Estado e o Governo Federal. Então, não se poderá dizer que Porto Alegre não terá recursos para fazer as obras.

 Na semana passada, entrei com um Pedido de Informações ao Sr. Prefeito Municipal, para que nós possamos saber, de fato, o que custará a III Perimetral, qual o cronograma previsto para o ano de 1999 e de 2000, por que até hoje não iniciaram as obras, quais foram os motivos do atraso. Nós temos a obrigação de levar a informação aos cidadãos de Porto Alegre. Eles, Ver. João Dib, nos questionam seguidamente: “Afinal, quando vai ser iniciada a construção da III Perimetral?”

Todos nós temos a convicção de que a III Perimetral não vai resolver o problema do trânsito de Porto Alegre, mas, sem dúvida nenhuma, vai minimizá-lo, vai dar melhores condições a nós cidadãos de Porto Alegre. Nós precisamos levar informação à população e não a temos. Tomara que o prazo seja cumprido e que a resposta ao Pedido de Informações venha no tempo devido. Que o nosso Pedido seja definitivamente respondido pelo Sr. Prefeito. Assim poderemos levar, Ver. Guilherme Barbosa, a informação aos cidadãos de Porto Alegre.

É inadmissível que, durante três anos, essa matéria tenha sido discutida dentro do Orçamento Participativo, tenha sido levada aos cidadãos de Porto Alegre como prioridade. Essa obra foi orçada dentro do nosso Orçamento e nada, absolutamente nada foi feito, nada foi iniciado, e Porto Alegre tem problemas crônicos de trânsito. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra.

 

 O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, este, sem dúvida, é um debate interessante trazido pelo Ver. Fernando Záchia que, inclusive, trouxe um pequeno dossiê sobre a obra. Isso é bom, mostra que o Vereador estudou. Mas acho que o estudo não foi completo, Ver. Fernando Záchia, porque se V. Exa. tivesse pegado todo o Processo, iria ver que demorou demais a aprovação do financiamento pelo Governo Federal, pelo Congresso e, também, pelo Banco financiador da obra. Ninguém vai iniciar uma obra desse porte, a menos que queira fazer trechinho por trechinho - de repente pode ser - sem que tenha a certeza dos recursos, e a obra, no total, custa 140 milhões de dólares - já não podemos mais dizer que é de reais -, na sua totalidade, na III Perimetral e mais as obras complementares, drenagens em várias ruas que dão acesso.

Então, vejam que, com os recursos da Prefeitura - seria apenas da Prefeitura, embora iremos colocar uma grande parte disso - seria muito difícil nós realizarmos essa obra, qualquer governo, inclusive o nosso, que tem sido exemplar na questão financeira do Município. Era preciso ter a certeza, e quando nós tivemos a certeza do financiamento do Banco Interamericano para essa obra, o Governo Federal trancou o financiamento. Foi preciso que o Prefeito Raul Pont tivesse novas iniciativas, fizesse nova pressão para que agora, de forma excepcional, o Secretário Pedro Parente comunicasse ao Prefeito que iria liberar parte desse dinheiro, os 40 milhões - que não é só para a III Perimetral, é também lá para a Agronomia, Bento Gonçalves, têm, também, ônibus da Carris e etc., uma parte é para a III Perimetral.

 

O Sr. Fernando Záchia: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Só lembrando a V. Exa., e essa manifestação eu fiz da tribuna há um ano e meio atrás, quando, a demora para liberação desta obra foi porque, naquele momento, o Município estava inadimplente. Foi um trabalho do Senado, através do Senador Pedro Simon, que fez com que, num entendimento com o Ministério da Fazenda, o contraditório, que fosse liberada essa obra, independentemente da situação momentânea que o Município se encontrava. Por isso, ou também por isso, que essa obra é demorada para iniciar-se.

 

O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Guilherme Barbosa, eu quero dizer a V. Exa. que nós aprovamos um Projeto autorizando o Executivo a fazer um empréstimo de cento e quarenta e cinco milhões de reais, dos quais, vinte e um milhões era pavimentação comunitária, trinta ou quarenta milhões, modernização administrativa, então, a metade, talvez, seja para a III Perimetral. O que eu tenho tristeza é que desde 1986 nenhum milímetro foi acrescentado a nenhuma das três Perimetrais já abertas.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Tudo bem! Embora muitos outros quilômetros tenham sido acrescentados em várias avenidas da Cidade. Eu cito, aqui, a Antônio de Carvalho, a Protásio Alves, a Campos Velho, a Cavalhada, a Agronomia, a Bento Gonçalves, lá adiante, que agora vai se ampliar o seu alargamento. Então, muitas e muitas obras têm sido feitas na Cidade. A III Perimetral não está parada, embora a obra não tenha sido iniciada, mas todo o trabalho de desapropriação, mais de dois mil imóveis que serão atingidos por essa avenida, quase que a totalidade já está negociada, e isso que é importante. Quando as obras de fato começarem vai ser muito mais simples.

Mas quero utilizar esse tempo para falar em um outro assunto. Aqui está uma conta de telefone celular. Comecei a analisá-la com detalhe, Ver. Adeli Sell, nós dois, que gostamos muito desse tema e, para a minha surpresa, há uma cobrança - feita pela Telefônica Celular - a mais do que devia. Na ponta do lápis, no item dito “chamadas”, essa pessoa aqui gastou quatorze reais com cinqüenta e oito centavos. Se aplicasse 25%, que é o imposto, a partir de 1º de janeiro, deveriam ser cobrados, então, três reais e sessenta e cinco centavos. A Telefônica está cobrando quatro reais e noventa e um centavos, um real e vinte e seis centavos a mais do que devia, o que significa que está cobrando a mais de imposto 34,52%.

Depois, em outro item, “serviços”: vinte e sete reais e trinta e três centavos é um valor fixo; se fossem cobrados os 25% que deveriam ser cobrados, dariam seis reais e oitenta e três centavos. Está sendo cobrado nove reais e onze centavos. Cobra a mais, portanto, 33,38%. No total, o que deveria ser cobrado do usuário seria: quarenta e um reais e noventa e quatro centavos, que é a soma das duas parcelas, e de imposto dez reais e quarenta e nove centavos, o que daria, na conta total, cinqüenta e dois reais e quarenta e três centavos. Pois a Telefônica Celular - e não sei se é assim na Espanha, mas tem alguns sócios também gaúchos e brasileiros, e também tem sócios em Portugal - em vez de cobrar dez reais e quarenta e nove centavos de imposto, está cobrando quatorze reais e três centavos, o que dá 33,75% a mais. Um terço a mais de imposto do que deveria cobrar.

Isto é roubo. Isto é extorsão. E duvido muito que este valor esteja sendo repassado ao Governo do Estado. Duvido muito, e mesmo assim seria incorreto. Estaria, da mesma forma, cobrando a mais do que deveria do usuário. Eles fazem uma conta onde o imposto a mais que cobram representa um quarto do valor total cobrado, acrescido indevidamente. Sei fazer contas e fiz as contas com muita calma, ontem, para mostrar que isto é coisa que não se faz. Multiplicando isso por milhares e milhares de usuários imagine-se o quanto a mais é arrecadado por mês por esta empresa, além da péssima qualidade de serviço que vem prestando. Não são poucas as vezes que se está no telefone e cai a ligação, e cai em outro número, assim por diante. Além do que, na conta - e já falei isso há tempo - não se especificam as chamadas. Olhei atrás e vi que nada disto é feito, e é um direito do usuário.

 

O Sr. João Dib: V. Exa. Permite um aparte? (Assentimento do orador.)Nobre Vereador, V. Exa. colocou muito bem: é preciso saber se este dinheiro está sendo repassado para o Estado, porque está na conta de ICMS, que são 25% e não 33%, conforme tive oportunidade de ver na conta que está nas mãos de V. Exa..

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: E se o repasse é feito, ele se dá de forma incorreta. Queremos aumentar a arrecadação do Estado, mas não desta forma. Esta forma é ilegal e incorreta. Estou pensando sobre qual procedimento tomarei na defesa dos consumidores da nossa Cidade, do nosso Estado. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Vera. Helena Bonumá está com a palavra em Grande Expediente.

 

A SRA. HELENA BONUMÁ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, quero também participar do debate de hoje nesta Casa sobre a violência, aberto de forma bastante enfática pelo Ver. Pedro Américo Leal, no início dos trabalhos. Posteriormente, seguiu-se a Moção do nosso companheiro de Bancada, Ver. Cyro Martini, em relação à questão do desemprego e suas causas estruturais.

Ver. Pedro Américo Leal, de fato chamou atenção de todos - inclusive alguns Vereadores já tinham se pronunciado na sexta-feira -, os dados revelados pela imprensa, com relação à violência, divulgados pela Polícia Federal e pela Brigada Militar. Violência no trânsito, violência no Litoral. E é crescente a violência nas estradas, as ocorrências de roubo, furto, assalto, crime, homicídio. O Ver. Adeli Sell citou vários casos aqui, numa intervenção na semana passada. Eu acho que é necessário que a gente, além de resgatar esse quadro, faça a leitura dessa violência. E aí nós temos, Vereador, uma diferença fundamental na nossa análise das raízes dessa situação. Certamente não é o Estatuto da Criança e do Adolescente.

Outra questão apontada pelo Vereador, que eu acho importante, é em relação à faixa etária. De fato, temos entre os nossos delinqüentes um percentual grande de uma população masculina e jovem. É necessário que a gente saiba ler nas entrelinhas desses números que essa realidade no revela. Em primeiro lugar, não é o Estatuto da Criança e do Adolescente que promove essa violência. É necessário, no Brasil, a gente fazer uma leitura de que a violência é um elemento constitutivo das relações sociais já faz muito tempo. Nós fomos um país colonial, escravista. A sociedade civil sofreu a ação do Estado e um Estado formado a partir de interesses de fora. Isso aí perpassa as relações sociais. Isso é um elemento. Então, é o primeiro reconhecimento que nós temos que ter, de que a violência é um elemento constitutivo da nossa formação social e da relação que o Estado estabeleceu com essa sociedade no seu processo de organização. Isso não é assim no mundo inteiro. Nós temos as nossas particularidades, e é necessário que isso seja visto quando se faz a leitura da violência.

Nós tivemos uma militarização do Estado no Brasil, e não é do governo militar de 1964, e isso sempre nos trouxe um elemento de violência na relação do Estado com a sociedade.

Um outro elemento que é importante, e que também não é só do tempo da ditadura militar, é que os conflitos sociais definiam-se como casos de polícia. Nós tínhamos um Presidente que dizia que o conflito social é caso de polícia, e foi dessa forma que sempre tratou as questões sociais. Acho que, evidentemente, a ditadura militar rearticula a violência do Estado na medida em que ela convive com aparato repressivo ou, a partir do Estado, se organiza um aparato repressivo que, inclusive, ilegal era, mas foi o que exercitou a violência organizada na nossa sociedade. Evidentemente que a crise da ditadura, a superação, a democracia, muda isso, mas não muda a situação social toda criada.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu pedi um aparte apenas porque quero constatar sobre a característica de que a violência está sendo desencadeada pelo jovem de 18 a 22 anos. Por quê? Porque o Estatuto quase que empolga a que ele continue impune, pois o Estatuto lhe dá uma impunidade, fornece essa faculdade de o menor adolescente se ver completamente acoberto pela Lei. Isso ilude o jovem e o jovem continua no crime, talvez por que não saiba, ou porque está entusiasmado, ou porque não queira trabalhar. Agora, que é o jovem é o jovem, não é o chefe de família. Não tem um chefe de família em todo noticiário dos jornais que tenha praticado um crime para comer ou para defender sua família. É o jovem! É claro que estou falando da percentagem da juventude de mau caráter, dos desajustados.

 

A SRA. HELENA BONUMÁ: V. Exa. está falando em chefe de família. Em primeiro lugar, as famílias não são mais como eram antes, inclusive, legalmente as famílias não têm mais um chefe. A Constituição Federal de 1988, felizmente, mudou essa idéia. Tanto o homem como a mulher são responsáveis pela família de forma igual. As famílias de hoje são desconstituídas e, na realidade, enxerga-se que é o jovem o infrator, mas é muito pequeno nós pensarmos que o ECA ou essa lei que, na realidade, é fruto de uma longa luta social de um movimento pela cidadania e que se conseguiu depois da Constituição, é muito pouco nós pensarmos que a mudança dessa lei daria conta do problema, porque uma lei mais drástica vai fazer o quê? Vai penalizar o jovem e não vai ser preventiva e a prevenção para o problema da violência é considerar-se outras causas.

A primeira causa é a violência do Estado, porque o Estado é violento e mantém uma relação de violência com a sociedade. Vários Vereadores vieram a esta tribuna, hoje, para falarem das questões sociais, como a questão da assistência social, a questão da saúde, e a violência maior é essa, e é necessário que nós, enquanto figuras públicas, saibamos demonstrar isso à sociedade. A violência do Estado que tem o poder de tomar posições e que poderia alterar qualitativamente a vida da maioria da população brasileira, e que não o faz, enquanto o Governo Federal não só está cortando recursos, como a Lei Kandir, essa lei fiscal e todas essas coisas, mas que também está repassando serviços e responsabilidades para os municípios e não está dando condições para que os municípios desenvolvam o seu trabalho. Na questão da assistência social - e a questão da assistência social trata diretamente com a criança e do adolescente -, nós temos um exemplo do que aconteceu com a desestruturação das políticas. É necessário que isso seja considerado e que nós não peguemos apenas uma coisa, uma mudança de uma lei. O Código Penal está caduco, mas as mudanças que o Código Penal tem que ter são mudanças que incorporem aquilo que a sociedade tem pedido e aquilo que a sociedade tem conquistado em termos de cidadania.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. tocou no assunto da condução da família por uma mulher, porque não existe o homem em casa. É uma verdade. Mas por que não existe o homem em casa? Porque, na verdade, é uma total alienação da juventude. A juventude se lança a uma aventura, faz um filho e a mulher fica com o garoto e prossegue como cozinheira, arrumadeira, o que for. Ela é responsável pela família. Agora, quem é este camarada? É um jovem de 18, 19 anos. A juventude tem que assumir a responsabilidade neste País.

 

A SRA. HELENA BONUMÁ: Para encerrar, eu queria ainda comentar a fala do Ver. Jocelin. Azambuja em relação à cultura.

O Ver. Jocelin Azambuja, quando falou em galos de rinha, se referiu a um conceito que temos que revisar. A cultura faz parte de uma essência humana e os nossos valores nós não podemos transformar.

Na realidade, a violência não pode ser vista como algo inerente ao ser humano. A única coisa inerente ao ser humano é a nossa luta pela sobrevivência.

O processo civilizatório, ao longo do tempo, faz com que lutemos contra a violência trabalhando a agressividade humana de uma outra forma. A violência passa a ser monopólio do Estado que, às vezes, usa isso contra nós.

Então, queria deixar uma idéia final com relação ao Governo que vivemos agora. Temos que questionar a legitimidade desse Governo como sendo capaz de fazer frente a essa problemática social que vivemos e que gera essa violência.

É o questionamento da legitimidade social, porque se o Governo foi eleito em cima de um Plano Real que está dando água e que está demonstrando isso, qual é a condição que esse Governo tem de dar conta dessas questões que são apontadas aqui desta tribuna de uma forma responsável? Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: O próximo Vereador inscrito é o Ver. Hélio Corbellini, cujo espaço será utilizado pelo Líder da Bancada, Ver. Carlos Alberto Garcia.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, desde a semana anterior ao Carnaval nós estamos fazendo uma campanha em Porto Alegre chamada: “Diga não aos aumentos abusivos”.

Estamos visitando diversos locais, entregando uma carta aberta à população de Porto Alegre. O início da campanha foi na Esquina Democrática. Na semana passada estivemos no Shopping Lindóia e, nos próximos dias, até o dia 15 de março, continuaremos distribuindo esta Carta Aberta à população relativa aos aumentos abusivos.

Vou me permitir ler esta carta, pois muitas pessoas ainda não tomaram conhecimento. (Lê.)

 “Carta Aberta à população de Porto Alegre - Diga não aos aumentos abusivos.

Na posição de Vereador e como militante político, preocupado com todas as questões que sejam atinentes à população e à Cidade, não poderíamos deixar de marcar posição nesta questão do aumento desenfreado de preços que estão sendo praticados de uma maneira geral, não só em Porto Alegre, mas em todo o Estado e País.

Não podemos conceber tais práticas, tendo em vista que novamente serão os consumidores que pagarão a conta pela crise financeira. Crise financeira que o País atravessa e que desencadeou a alta do dólar, a desvalorização do real com o aumento do déficit brasileiro. O apelo que fazemos à população, no momento, é o seguinte: verifiquem os preços dos produtos antes da compra e, se notarem que houve aumento abusivo, não comprem e denunciem aos vizinhos, amigos e parentes o que foi constatado. Sabedores que somos de que em estados como São Paulo os consumidores se rebelaram contra os altos índices dos aumentos, e algumas empresas já estão retroagindo, conclamamos os porto-alegrenses para que se organizem e se mobilizem. A população deve exercer, individual e coletivamente, o seu direito de cidadania assegurado e preconizado pela Constituição Federal, que é a lei maior do nosso País, e defendida no discurso e na prática por nós socialistas, do Partido Socialista Brasileiro.”

Esta é a Carta Aberta à população de Porto Alegre que estamos entregando. Já tivemos a oportunidade de entregar, aproximadamente, dez mil cartas dessas. É um contato pessoal que membros do Partido e do Gabinete têm feito.

 

O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Carlos Alberto Garcia, eu cumprimento V. Exa. pela iniciativa. E veja V. Exa. que V. Exa. é um socialista e está defendendo o liberalismo, porque, na realidade, a busca do preço faz com que se estabeleçam melhores condições para o consumidor.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: É uma questão de enfoque, mas a população não pode ficar inerte. E a população está passando, está vendo toda essa discussão. Podemos contatar a questão dos “leasing” dos automóveis que por uma pressão conseguiram fazer um acordo com o governo e as empresas para que o dólar se mantenha em um valor de 1,23 até abril.

E gostaríamos também de dizer da receptibilidade da população com relação a esta Carta, uma carta simples, mas as pessoas têm nos procurado, têm feito algumas denúncias. Nós informamos quais os órgãos que deverão ser procurados. Mas o mais importante da orientação aos consumidores é que não é o momento de comprar. Aquilo que é supérfluo não comprem, porque os preços já subiram. Inclusive, está sendo constatado que pequenos estabelecimentos de esquinas que fazem o comércio também estão subindo aleatoriamente os seus produtos, dizendo que estão recebendo preços majorados. Então, a população é que tem que fazer esse controle.

Por exemplo, a questão dos materiais escolares no reinício das aulas; verifiquem, busquem incessantemente a questão do controle dos preços, porque é uma maneira simples, mas à medida que denunciarem e não comprarem, nós temos certeza de que os comerciantes, de uma maneira geral, vão ter que buscar outros patamares. Inclusive já ficamos sabendo que alguns comerciantes já colocaram placas em frente a seus estabelecimentos dizendo que não possuem determinados produtos porque não concordam com os novos preços que estão vindo de seus fornecedores. Isso também é uma maneira de controlar o sistema lá na sua origem, que é onde deveria, realmente. Mas o momento não é para inescrupulosos, o momento é para que a população como um todo possa, realmente, saber dos seus direitos, porque a população antigamente não estava costumada a ter patamares de preços, e nesses últimos tempos, felizmente, as pessoas têm a noção plena do preço dos produtos.

 Ao mesmo tempo, vários produtos estão mudando de preço, as pessoas dizem: está mudando vinte, trinta, quarenta centavos. Só que esses centavos muitas e muitas vezes, percentualmente são valores muito altos. A população tem que ficar atenta. Às vezes dez, quinze centavos influem em percentuais de quinze a vinte por cento no preço final. Então, esse é o nosso chamamento, e acho que isso não deve ter partido político. Acho que esse seria um bom congraçamento de todos nós Vereadores da Câmara de Porto Alegre, fazer esse movimento, proclamando a coletividade da nossa Cidade, para que ela mais uma vez possa estar atenta. E, realmente, aquilo que for supérfluo não compre, e aquilo que for de preço abusivo, denuncie. Diga: “não vou comprar porque esse preço está abusivo”. Denuncie aos amigos, vizinhos e parentes e virem as costas, porque é uma maneira simples e forte que a população tem de exercer o seu direito pleno de cidadania. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h04min.)

 

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